Por Marcelo Augusto
A firme vitória da potranca FUGAZI (Crimson Tide {fam 3-o} x Our Lucky Girl {fam 3-i}, por Vettori), no GP. Presidente José Bonifácio Coutinho Nogueira – G2, no último domingo, ratificou que aquele 3º lugar obtido no Diana não foi obra do acaso. Potranca em plena evolução, proporcionará muitas alegrias ao pessoal do Stud Nova Glória. E a BELA BISCA voltou a mostrar tudo o que sabe, levantando de forma categórica o GP Edmundo Pires de Oliveira Dias – G3. Filha do desaparecido Val Royal {fam.20-d} na Maneirissima {fam. 20-a}, por Fast Gold, muito bem preparada pelo excelente José Luiz Aranha, ratificou também a sua condição de uma das expoentes dessa excelente geração 2009. O fato da FUGAZI e a BELA BISCA serem filhas de pais pertencentes a mesma família, por ramos distintos, sugere que não seria de má idéia a exploração da sobreposição de família. Conforme prometido na coluna anterior, segue abaixo uma relação de garanhões que fizeram parte do leilão anual de coberturas da A.B.C.P.C.C, que trazem em seu pedigree a sobreposição de família. O número é considerável, fazendo parte desta lista excelentes sementais, como o Wild Event e Public Purse. Vamos lá:
ADRIANO - A.P.Indy {Seattle Slew – fam. 13c x Weekend Surprise – fam.3l} X Gold Canyon {Mr.Prospector – fam. 13c x Golden Treat – fam. 9f}.
CAPE TOWN - Seeking The Gold {Mr.Prospector – fam. 13c x Con Game – fam. 5c} X Seaside Attraction {Seattle Slew – fam. 13c x Kamar – fam. 14 c}.
CRAFTY C.T. - Crafty Prospector {Mr.Prospector – fam.13c x Real Crafty Lady – fam. 1l} X Adriana B. {Far North – fam. 8f x Sign Language – fam. 13b}.
GALLIAN – Dodge {Mr.Prospector – fam. 13c x Storm Star – fam.25} X Iriscordemel {Minstrel Glory – fam. A4 x Slew Me Down – fam. 13c}. Obs: A Slew Me Down, pertencente a linha 13c, tem em seu pai Seattle Slew um representante da mesma família (13c), tendo gerado além da clássica Iriscordemel, a Fitterwochen, mãe da clássica Kanaka.
GIRUÁ – Bonapartiste – fam. 14b X Ellefrance – fam. 14c
GLÓRIA DE CAMPEÃO – Impression {Rubiano – fam. 3-o x Improbable Lady – fam. 3-b} X Audacity {Clackson – fam. 1e x Orient Girl – fam. 3-d}
GREAT GUY – Berstein {Storm Cat – fam. 8c x La Affimed – familia 1x} X Vaga Toss {Egg Toss – fam. 10a x Vacacionante – fam. 8j}
HOLY ROMAN EMPEROR - Danehill {Danzig – fam. 7a x Razyana – fam. 2d} X L´On Vite {Secretariat – fam. 2s x Fanfreluche – fam. 4g}
IMPRESSION – Rubiano {Fappiano – fam. 16a x Ruby Slippers – fam. 3o} X Improbable Lady {Liloy – fam. 16c x Gioconda – fam. 3b}
KAPO DI TUTTI – Redattore {Roi Normand – fam. 22d x Policital Intrigue – fam. 1x} X Granny´s Pie {Ghadeer – fam. 7a x Palau – fam. 22b}
MINION – Mutakddim {Seeking the Gold – fam. 5c x Oscillate – fam. 1x} X My Dear Girl {Merce Cunningham – fam. 1x x Mystique – fam. 3h}
PUBLIC PURSE – Private Account – fam. 1x X Prodigious – fam. 1x
PUBLIC SPEAKER – Distorted Humor {Forty Niner – fam. 1n x Danzig´s Beauty – fam. 9f} X Gouache {Southern Halo – fam. 16g x Aquarelle – fam. 9g}
QUICK ROAD – Jules {Forty Niner – fam. 1n x Bonita Francita – fam. 2d} X Jamaica Road {Ghadeer – fam. 7a x Ivette Bay – fam. 2h}
REDATTORE – Roi Normand {Exclusive Native – fam. 10a x Luth de Saron – fam. 22d} X Policital Intrigue {Deputy Minister – fam. 10a x Fascinating Trick – fam. 1x}
SHIROCCO – Monsun {Konigsstuhl – fam. 5h x Mosella – fam. 8a} X So Sedulous {The Minstrel – fam. 8f x Sedulous – fam. 2e}
T.H.APPROVAL – With Approval – fam. 2n X Potrichal – fam. 2u
TIME FOR FUN – Yagli {Jade Hunter – fam. 22a x Nijinsky´s Best – fam. 8f} X Tarradine {New Colony – fam. 22a x Tavira – fam. 1s}
TOP HAT – Royal Academy {Nijinsky – fam. 8f x Crimson Saint – fam. 8c} X Tavira {Effervescing – fam. 1x x Tropical Girl – fam. 1s}
TRUE CONFIDENCE – Storm Cat – fam. 8c X Very Confidential – fam. 8h
WATCHMON – Maria´s Mon {Wavering Monarch – fam. 8h x Carlotta Maria – fam. 1l} X Watchfull {Notebook – fam. 1l X Miss Insync – fam. 7f}
WILD EVENT – Wild Again {Icecapade – fam. 8c x Bushel-N-Peck – fam. 3e} X North Of Eden {Northfield – fam. 4r x Tree Of Knowledge – fam. 3h}
Elementos em que há a sobreposição de famílias no pai ou na mãe – DANCER MAN (fam. 4 – avós paterno); FARENHEIT (fam. 7a avós materno); FLUKE (fam. 3 – avós paterno); PAVILLON (fam. 8 – avós materno); POUNCED (fam. 8 – avós materno); THOMPSON ROUGE (fam. 16 – avós materno); UNBRIDLED STAR (fam. 4 – avós materno); e YAGLI (fam. 8f – avós materno).
Numa amostragem de 80 garanhões inscritos, temos um percentual em torno de 39% de animas com sobreposição. Chamo a atenção para a configuração do pedigree do ganhador da Dubai World Cup, Gloria de Campeão, com estrutura montada basicamente na família 3 (3-o, 3-d e 3-d). Longe de mim querer estabelecer uma tese, entretanto, faço a publicação dessas observações baseadas em levantamentos que tenho levado a efeito, cujo resultado traz um percentual significativo de animais clássicos. Agora se realmente essa sobreposição ajuda na formação de um elemento clássico, como explicar o seu efeito? Embora transitando numa área onde normalmente 2 + 2 é igual a 5, me leva de primeiro momento a acreditar que poderia haver uma correlação com a dominância e hierarquia. Somos sabedores que os cavalos, como outros animais, em seu habitat natural criavam as suas próprias famílias, onde as manadas eram lideradas por uma fêmea, denominada ALFA. A fêmea-alfa ou matriarca dominante, além de ser a responsável pelo intinerário do dia a dia da manada, mantinha a disciplina na sua tribo, principalmente dos mais jovens. Pela disputa de alimento e água era comum o conflito e disputa entre as tribos, onde nessa situação o garanhão do bando, o macho-alfa, desempenhava um papel fundamental. Quando o pesquisador australiano Bruce Lowe catalogou e numerou as várias famílias puro-sangue do sexo feminino, que teve como base os pedigrees de uma lista completa de vencedores dos mais antigos clássicos ingleses ele nos deu de presente a identificação das tribos dominantes do PSI. Desta forma estou inclinado a acreditar que utilizando-se da prática da sobreposição, estaríamos resgatando a essência dessas tribos, uma espécie de resgate ou reagrupamento de um família que em certo momento se dividiu através da ramificação. Por outro lado como se resolveria a latente preocupação com o fator consangüinidade? As ramificações dentro dessas famílias não afastariam essa possibilidade? Numa pesquisa feita na web sobre comportamento, encontrei alguns artigos interessantes sobre o papel da fêmea e do macho dentro de um família. A seguir publico um desses artigos pincelado do site cabanhasonline.com.br
ASPECTOS RELEVANTES DO COMPORTAMENTO EQUINO: IDADE.
Neste post vou abordar outro fator relevante para a compreensão do comportamento equino: a idade. Cada faixa etária dos cavalos apresenta características comportamentais próprias. Para melhor compreensão destas, divido os equinos em: potrilhos, potros, fêmeas adultas e machos adultos.
A primeira classe, os chamados potrilhos, compreende os animais recém-nascidos até os primeiros meses de vida. Esta é a fase onde ocorre cerca de 70% do aprendizado do equinos, e uma característica marcante desta etapa é a curiosidade.
Neste período, o tempo é investido no conhecimento do mundo ao redor. A curiosidade dos cavalos nessa idade é importante para que aprendam intrinsecamente sobre os perigos do mundo que os rodeia, sempre amparados pela segurança que a proximidade da mãe proporciona.
Também se ocupam com brincadeiras entre indivíduos desta idade, que servem tanto para aprendizado como para posicionamento na hierarquia. As mamadas neste período são mais rápidas, porém ocorrem com maior frequência. Potrilhos já mordiscam o pasto, porém sem ingeri-lo. Acredito que o façam copiando o comportamento da mãe (é o aprendizado).
A seguinte fase, onde chamo de potros, se estende a partir dos primeiros meses de vida até os 2 ou 3 anos de idade, onde ocorre a maturidade sexual e anatômica dos equinos. Nesta etapa, se acentuam as disputas hierarquicas, ocorre o desmame e o início da alimentação herbívora.
No final desta fase, os potros machos são expulsos da manada pelo garanhão e formam grupos de solteiros. São membros destes grupos que desafiam os garanhões de outras manadas. Este comportamento é essencial para evitar a consanguinidade na manada.
As fêmeas adultas pertencem a uma manada convencional, onde existe uma égua alfa (que geralmente é a égua mais velha e mais experiente) e um garanhão (responsável pela reprodução). Essas éguas se relacionam por afinidade em pequenos grupos dentro da manada.
A hierarquia é importante porque as éguas de posição mais baixa ajudam a cuidar dos potrilhos das éguas de melhor posição. Isso significa que quanto mais bem posicionada na hierarquia a égua estiver, melhor cuidado será seu potrilho, tendo assim, mais chances de sobrevivência. A égua alfa é responsável pelos rumos da manada, bem como em estabelecer a ordem.
Os machos adultos geralmente estabelecem manadas de machos solteiros. São expulsos da manada das mães logo que completam a maturidade sexual. Essas manadas são responsáveis pela troca frequente dos garanhões das manadas de éguas. Um garanhão fica na manada em media o tempo necessário para que suas primeiras descendentes iniciem o ciclo reprodutivo.
Mas como podemos utilizar essas características a nosso favor no manejo destes animais?
Podemos, por exemplo, usar da curiosidade dos potros e potrilhos para uma aproximação mais natural. Experimente sentar em meio aos potros e ficar parado. Em 5 minutos terás os animais ao teu redor. Então para que correr atrás e forçar tal aproximação?
Para éguas adultas, devemos apresentar o comportamento de égua alfa, tomando as rédeas da "manada"! Uma égua confiará e será leal a sua égua alfa, desta maneira teremos as fêmeas mais calmas e mais receptivas ao contato.
Com machos inteiros o contato deve ser sempre atento, pois é um comportamento natural destes animais o enfrentamento para dominância. O medo e a falta de confiança não são comportamentos dos líderes. Sendo assim, o segredo está em passar confiança, solicitar respeito e não demonstrar medo e insegurança!
Ao levarmos em conta essas características naturais do comportamento equino no manejo dos animais, conseguimos otimizar o tempo de manejo, com melhor qualidade da relação para homem e animal e, principalmente, com redução de riscos para ambos as partes.
Certa vez, numa conversa com o treinador Nestor Araya abordamos um assunto sobre escolha de potros e isto surgiu porque naquela semana que era a do GP São Paulo, eu havia conversado com o gerente do Haras que havia recriado o meu potro Mr.Fantasy, que estava anotado para correr o GP Juliano Martins, e eu havia perguntando para ele como era o seu comportamento no haras na época que era sobreano, pois eu tinha a curiosidade de saber se ele tinha um papel de dominância e tive a confirmação que sim. Por sua vez, o Nestor relembrou uma passagem em que foi ao Haras Malurica a pedido de um proprietário para selecionar alguns potros que estavam anotados num leilão e dentro do bando ele observou que havia um potrinho que exercia tal dominância. De pronto ele anotou as características desse potro, fazendo a sua resenha e informou ao proprietário que já tinha escolhido o potro que ele iria lançar. Infelizmente para o Nestor, o proprietário foi lance vencido e esse potro foi vendido para o Haras Moema. Seu nome era VOMAGE e deu para aos seus proprietários o tão sonhado GP São Paulo. Histórias do turfe.
