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SARAH MASLIN
Os encantadores de cavalos não estão mais na moda. Alguns dos
mais famosos criadores e treinadores de cavalos de corrida, tentando
curar lesões ou manter seus animais na melhor forma, agora
recorrem a telepatas equinos para realizar diagnósticos paranormais.
E essa é apenas uma das formas de terapia - tanto alternativas quanto tecnológicas - que estão em ascensão para os cavalos de corrida, de forma a mantê-los felizes, saudáveis e, com sorte, velozes. A crescente popularidade da medicina alternativa entre os seres humanos e a crescente sofisticação da medicina esportiva estão se refletindo nos estábulos, de acordo com treinadores, veterinários e criadores. Regras mais severas sobre os medicamentos admissíveis para cavalos e os avanços nos métodos de teste de drogas também podem ter reforçado a popularidade dos tratamentos alternativos.
"Nós gostamos daquilo que for melhor para o cavalo; como chegar lá pouco importa", diz a Dra. Kathleen Anderson, veterinária e acupunturista equina na clínica Equine Veterinary Care.
A clínica fica no Fair Hill Traing Center, em Elkton, Maryland, um complexo de mais de 12 estábulos de cavalos de corrida a cerca de 80 km do hipódromo de Pimlico, onde o Preakness Stakes, uma das provas da tríplice coroa do turfe americano, será disputado no sábado. O centro é conhecido porque é a morada de Barbaro, cavalo vencedor do Kentucky Derby de 2006 que sofreu uma séria lesão na disputa do Preakness.
"Creio que as pessoas estão reconhecendo que essas técnicas veterinárias são fabulosas", disse Hali Jones, comunicadora com animais de Carmel, Califórnia, cujo trabalho foi tema de "A Year at the Races", livro de Jane Smiley. "Mas talvez haja algo de menos invasivo, quem sabe melhor".
Kathleen Rush, que cria cavalos de corrida no haras Two Sisters' Farm, em Coatesville, Pensilvânia, emprega telepatas há 20 anos, embora tenha lá suas dúvidas.
"Se você tem um cavalo que não está indo muito bem, e mesmo depois de todos os exames não é possível determinar o motivo, a situação se torna muito frustrante", diz.
Quando não lhe resta saída, ela ocasionalmente emprega Nedda Wittels, comunicadora com animais que vive em Simsbury, Connecticut.
"Falo com eles telepaticamente", disse Wittels, que pratica sua profissão primordialmente pelo telefone. "Posso fazê-lo de qualquer parte do mundo, não importa onde eu esteja" (ela vive a 400 km de distância de Coatesville).
"Usualmente, quando os proprietários me procuram", disse, "o ceticismo deles já foi atenuado pela necessidade".
Para quem não acredita em acupuntura e telepatia, alguns dos métodos encontrados em Fair Hill são versões equinas dos mesmos métodos de medicina esportiva de ponta usados para tratar atletas humanos. O preparador físico Bruce Jackson abriu o Fair Hill Equine Therapy Center quatro anos atrás.
O centro tem uma câmara de oxigênio hiperbárica e aparelhos que ministram pulsos eletromagnéticos, ondas sonoras, calor infravermelho e mais - métodos que supostamente ajudam a curar mais rápido uma lesão. Também há uma esteira para caminhada que fica sob a água, permitindo que os cavalos se exercitem em ambiente líquido para uma sessão de condicionamento de baixo desgaste, na presença de dois operadores - um para manter o animal no lugar e o segundo para apanhar dejetos.
Uma égua baia de quatro anos contemplava com um olho pela minúscula escotilha redonda da câmara hiperbárica branca; Jackson estava monitorando o nível do oxigênio puro injetado. Quando a câmara está cheia, a égua respira 10 a 12 vezes mais oxigênio do que no ar comum, e isso gera saturação adicional em seu sangue, ajudando a sanar mais rápido as lesões e o desgaste muscular. Dentro da câmera pressurizada, a égua sente "como se estivesse no fundo de uma piscina", ele disse.
Alguns dos tratamentos de alta tecnologia na verdade representam versões atualizadas de práticas tradicionais na criação de cavalos, como o spa de água salgada de Jackson, uma banheira com água pouco acima do ponto de congelamento. Jackson diz que isso se parece com levar cavalos para caminhar na água do mar, uma prática comum entre os criadores de Chichester, na costa sul da Inglaterra, a cidade onde ele se criou.
Lisa e David Figueroa, donos de uma pequena empresa de treinamento, usam remédios antigos e ervas, além da medicina convencional. Em uma manhã brilhante de abril, no centro Fair Hill, o casal estava colhendo dentes-de-leão à beira da estrada, para alimentar os cavalos. A tradição dispõe que a flor ajuda a desopilar o fígado. Quando Lisa Figueroa encontra uma pedrinha de quartzo - que algumas pessoas acreditam tenha poderes de cura - ela a guarda no bolso e depois coloca na janela das baias de seus cavalos.
"As pessoas acham excêntrico ou maluco", diz David Figueroa, que recentemente transferiu suas atividades para Saratoga, Nova York. E sua mulher acrescenta: "existem tantas formas de fisioterapia para seres humanos. Por que não para os cavalos?".
Tradução de Paulo Migliacci
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