29 janeiro 2013

Tributo a Luiz Rigoni

Por El Aragones

Será corrido no próximo domingo, na Gávea, o premio Luiz Rigoni, uma homenagem ao maior jóquei brasileiro de todos os tempos, o freio paranaense Luiz Rigoni.
Conta a lenda (descrita no livro Dá-lhe Rigoni, do jornalista José Perelmiter e confirmada por vários conhecidos meus) que, numa manhã de 1954, Rigoni foi visitar seu amigo Wilson Do Nascimento, cronista de turfe da velha guarda, em Copacabana. Como Wilson estivesse meio deprimido, Rigoni tratou de animá-lo, dizendo que naquele dia tinha tres barbadas, duas pilotadas por ele e uma outra por Oswaldo Ulloa, famoso jóquei na época. Wilson pediu dinheiro emprestado ao pai e acumulou os tres animais no duro e invertido, não sem antes saber de Rigoni porque indicava o animal pilotado por outro jóquei, já que ele próprio montava na prova.Rigoni lhe disse que seu animal vinha de parado,corria melhor na grama e que o cavalo pilotado por Ulloa tinha trabalhado para passar por cima. Jogo feito, Wilson foi para casa enquanto Rigoni se dirigiu a Gávea. Ao ligar o rádio, entretanto, e ouvir que os dois pilotados de Rigoni haviam vencido com boas pules,Wilson se animou todo e pegando um táxi foi para o clube ver o páreo do fecho da acumulada. Lá chegando percebeu que o cavalo de Ulloa pagava bem e, caso vencesse, a grana daria para comprar um apartamento pequeno na zona sul do Rio. Já visivelmente nervoso, viu o starter Ney Costa dar a partida e que o favorito Sileno tomou a ponta, seguido por Palermo,pilotado por Rigoni, com Prometheu, com Ulloa, próximo. Nas Especiais, Palermo toma a ponta mas Prometheu avança por fora e livra vantagem sobre o pilotado de Rigoni, já com os gritos de Wilson, fazendo as contas.Mas eis que sucede algo imponderável. Naquele tempo (impensável nos dias de hoje), Rigoni era tão idolatrado que possuia uma torcida uniformizada,que ia ao hipódromo apenas para ver seu ídolo vencer, não importava com que cavalo. Pois bem, ao ver que o cavalo do Rigoni custava a se entregar, por dentro, esses torcedores se levantaram e começaram com o grito de ' dá-lhe Rigoni, dá-lhe Rigoni' e para surpresa de Wilson, Palermo reagiu e foi para a foto com Prometheu, foto essa que ,para total desespero dele, acusou vantagem para o pilotado do Rigoni. Wilson, lívido, foi até o estacionamento esperar por seu amigo.Quando este chegou, de banho tomado, perguntou-lhe: "O que é que houve? ", ao que o paranaense respondeu "nada, simplesmente não aguentei". Não aguentou o que?, insistiu Wilson, ouvindo a seguinte resposta "não aguentei o povo gritando meu nome e algo estranho se passou, já que reuni todas as minhas forças e violinei como nunca. A sensação é irresistível". E aí Wilson descobriu que a glória também tem seu preço.
Num tempo em que seus adversários na raia eram Francisco Irigoyen, Juan Marchant,Oswaldo Ulloa, "El Negro" Dias,Emigdio Castillo e outros que tais, Rigoni era o único a levar multidões ao hipódromo. Rigoni de El Aragones de Viziane, de Terminal, de Embuche, de Quartier Latin, de Ugíaco (venceu essa prova com o braço enfaixado). Enfim, Luiz Rigoni, que com seu violino, fez com que eu e muitos outros se apaixonassem por corridas de cavalos. Para ele, minha singela homenagem.
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