24 janeiro 2012

O incrível Derby de Epsom de 1913

Matéria de autoria de Olavo Rosa Filho , o "Olavinho".


TRAGÉDIA E ESCÂNDALO




A TRAGÉDIA

Aos ingleses, desde o advento do Parlamento foi permitido votar somente aos homens. Com o tempo a indignação das mulheres começou a ser notada, embora que individualmente, sem organização ou liderança. Pacificamente faziam palestras, cartazes, postavam cartas anonimamente, até que 1897, Emmeline Pankhurst fundou o movimento The Suffragists, dentro dessa linha pacífica. Como sempre acontece em todo movimento de massas, há os dissidentes, que fundaram o movimento The Suffragettes, bem mais contundente. Criavam confusão, quebravam vidraças, incendiavam pequenas construções. É claro, foram presas, espancadas e humilhadas.

Até que chegou junho de 1913. Uma suffragete tomou uma decisão que mudaria a História, ligando o turfe ao voto feminino. Emily Davison, professora de 30 anos, ficou na cerca da curva Tottenhan, na hora da largada do Derby de Epsom, quando os cavalos passaram , ela entrou na raia gritando VOTO DAS MULHERES e foi atropelada pelo cavalo Anmer, justo de propriedade do rei George, avô da atual rainha Elisabeth. Levada ao hospital, morreu depois de quatro dias, tornando-se a mártir do movimento sufragista.

Após o término da primeira guerra mundial, em 1918, foi permitido o voto feminino,
porém só para mulheres acima de 30 anos. Em 1930 o Parlamento aprovou o voto amplo e irrestrito para todo cidadão inglês. No Brasil, essa mesma lei foi aprovada em 1934.

Neste vídeo dá para ver bem o acidente.




O ESCÂNDALO

O cavalo Craganour havia acabado de perder o 2000 Guineas ( primeira prova da tríplice coroa em 1609m) de uma maneira que hoje não é possível; ele ganhou por cabeça, mas na opinião dos juizes foi deixado para segundo, a olho nu, contrariando a esmagadora maioria: ganhou Louvois, que seria seu adversário no Derby.

Chegou o 13 de junho, um sábado, Craganour era favorito dos bookmakers
(poule de 15, como se dizia antigamente). A corrida teve aquela tragédia na curva, os cavalos seguiram e o final foi "reñido" (como diria Gardel). Seis cavalos disputando a ponta. Novamente por cabeça, em pista, ganhou Craganour. Bateu o sino, demorando mais de uma hora para vir o resultado, e Craganour foi desclassificado para quinto. O resultado final foi:

1- Aboyeur 2- Louvois 3-Great Sport 4-Nimbus




























Como se pode, a olho nu, desclassificar um cavalo dos quatro primeiros lugares?
Há varias teorias sobre essa desclassificação: interesse dos bookmakers em não pagar
um favorito de 15 - o cavalo que ganhou era de criação de um dos juízes - e a mais surreal: o dono do cavalo era CHARLES ISMAY, filho de Thomas Ismay, dono da White Star Line, dono do Titanic, que havia afundado, meses antes. Dizem até que seu outro filho, Joseph Ismay, sobreviveu ao naufrágio, vestindo-se de mulher, para ter preferência nos barcos salva-vidas.Isso gerou um sentimento de ódio e repulsa no povo inglês e como represália, desclassificaram o cavalo. Charles Ismay, abatido pelo infortúnio do Titanic e o escândalo das duas corridas, vendeu Craganour para a Argentina, Haras Chapdamalal, de Juan Martinez de Hoz. Interessante que no contrato de venda havia uma cláusula: não pode correr, só para reprodução.
Craganour, assim como Congreve foram pilares da criação argentina. Charles Ismay morreu dois anos depois, dizem de tristeza.

15 comentários:

  1. ARON.
    APESAR DO TRÁGICO ACIDENTE, TRATA-SE DE UMA RELIQUIA DO TURFE DE UM SÉCULO.E VOCÊ NOS COMTEMPLANDO COM ESSA OBRA. PARABÉNS.

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  2. Anônimo,

    Quem contemplou foi o Olavinho, eu só publiquei.

    Abraço

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  3. MAS VC TAMBÉM TEM SEUS MÉRITOS POR PUBLICAR EM SEU BLOG. PARABÉNS A AMBOS.

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  4. Um blog, além de uma ferramenta útil para os apostadores, ele também pode trazer um pouco de cultura e entretenimento. Agradeço ao Aron por nos dar a liberdade de contribuir para o blog. Para mim é muito gratificante chegar em casa, depois de mais uma batalha, abrir essa página e encontrar uma matéria tão rica. Obrigado também ao Olavinho por sua dedicação e amor ao turfe.

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  5. NÃO CONCORDO Marcelo Augusto-a matéria não é rica.É riquíssima.A propósito--como tá JUST SPEEDY?????Corre na AREIA?????????ABRAÇOS

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  6. Sensacional Olavinho e Aron.

    Ravagnani

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  7. NARVIK-ATLAS----Olavinho,fiquei c água na BOCA ao ler a corrida dessas máquinas na gávea,3000metros,no livro do SAMIR ABUJAMRA.VC TEM ESSA CORRIDA???????????????ABRAçoooooooooooooosssssssssssssssssssssssssss

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  8. só achei ruim a música de piano de fundo,,,até o SALIERI fazia música melhor kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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  9. Gustavo, vc tem razão a matéria é riquíssima. Com relação a Just Speedy, ela está muito bem. Quando todos esperavam um boa corrida dela na areia, por ter na sua linha baixa Midnight Tiger e Executioner, ela não correspondeu. Amanhã provavelmente ela competirá novamente na areia e terá a chance de se redimir. O que me dá esperança é que como ela a outras também não apreciam muito a raia de areia.
    Um Abraço

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  10. vlw Marcelo.Gosto de LINHA DOIS na areia,mas torço pela JUST SPEEDY

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  11. A(antidesferrados)Leon25 de janeiro de 2012 às 09:11

    Parabens Olavinho,por nos presentear com essa materia,(num momento onde o ítem "jogador" está ofuscando o "item"turfista.
    Parabens ao Aron tb por não deixar vulgarizar seu espaço"apenas"com queixas de turfistas por todos os motivos,esquecendo-se os queixantes,que o turfe não e uma ciencia exata.abraços....

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  12. Apenas para dar um pouco mais de subsídio a bela postagem do Olavo Rosa. O vencedor do páreo era o maior azar da prova. Pagou 100 vezes o valor apostado. O sino não foi tocado por nenhum dos envolvidos na carreira. Foram os comissários que instauraram a sindicância. O páreo demorou 1h30m para ser confirmado. Foi alegado que o vencedor teria tido um desvio de linha que teria prejudicado os demais concorrentes.

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  13. Aproveitando a deixa do comentário do Alberto Leon, o turfe tem muitas historias apaixonantes e elas podem despertar o interesse e aproximar pessoas que nunca tiveram contato com esse mundo. Ligar o turfe apenas ao jogo não criará novos adeptos. Uma vez apaixonado pelo turfe, jogar é consequência. Eu tinha um vizinho que não conhecia o turfe, um certo dia depois de um convite, fomos até o jockey e desde então ele passou a frenquentar o hipódromo, mas o seu interesse resumia-se apenas ao jogo. Gostava muito do carteado, do jogo do bicho, etc... Depois que aprendeu todas as modalidades de aposta, passou a frenquentar as quitandinhas e o prado sozinho, chegando até ganhar um betting 4 sozinho. Depois de um tempo perdeu o interesse e migrou para outras modalidades de jogos, chegando até ser fisgado pelo bingo. Nunca mais freqüentou o jockey. Naquela época eu não tinha essa consciência, por isso que hoje quando algum leigo me pergunta sobre o jóquei eu procuro focar a sua história e tudo que envolve a criação dos nossos astros, o jogo eu procuro deixar como segundo plano. Não esqueçamos que nossa atividade ainda é marginalizada por pura ignorância. Podemos usar a história para mudar esse quadro
    Um abraço e sorte a todos.

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  14. Caro Aron, simplesmente GENIAL essa matéria do Olavinho ! Parabéns a ambos !!!

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  15. Gustavo, semana que vem vou ao Museu na quarta feira, vou ler o livro do Abujamra e procurar alguma coisa mais do Narvik. Obrigado pela dica.

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