30 maio 2012

BARROSO, A TRAJETÓRIA DE UM CAMPEÂO ESQUECIDO


Por Olavo Rosa

Nascido em Sabinópolis, cidade mineira perto de Governador Valadares, em 42, Barroso conheceu os cavalos ainda menino, montando pungas na fazenda. Depois foi morar em Belo Horizonte, trabalhando num hotel de propriedade de familiares, onde conheceu o jóquei carioca Ubirajara Cunha, com quem conversava muito sobre o universo das corridas, despertando nele a vontade de ser jóquei, pois era  pequeno e forte, físico ideal para tal. No entanto, Cunha não quis leva-lo para a Gávea, por que não queria ser responsável, caso acontecesse algum acidente com ele.
Barroso então, com 16 anos, juntou o pouco que tinha e muita coragem e foi para o Rio ser cavalariço para poder se manter e esperar a oportunidade de ser aprendiz. Em Outubro de 59 estreou com a égua Miss Elegante, chegando em 7º, mas já era um começo, ainda mais que nesse páreo chegou 2º o seu ídolo e amigo Ubirajara Cunha, Barroso pesava apenas 42 kg.
Primeira Vitória
Conquistou a primeira vitória neste mesmo ano de 59 e, em 60 já figurava entre os 10 melhores jóqueis da Gávea, no meio de feras como Rigoni, Bequinho, A. Ricardo, O Cardoso, Marchant,  E.Castillo, Adalton Santos, J. Portillo, não era fácil.
Permaneceu montando com relativo sucesso, principalmente numa parceria com o proprietário Mario C. T. de Souza , que levou Barroso para correr o Paraná e o Bento Gonçalves com o cavalo El Asteróide, ganhando ambos, fato que tornou Barroso conhecido no Brasil inteiro.
Em maio de 65, El Asteróide veio correr em S. Paulo o GP Oswaldo Aranha, vencido por Pantheon, com o Barroso em 2º, chamando a atenção dos turfistas paulistas. Encantou-se com a cidade e o nosso hipódromo e recebeu o convite do Thomazinho Assumpção, homem forte do turfe paulista, para ficar por aqui. Mudou-se para S.Paulo , começou a montar aqui e já nesse ano ganhou tanto, que quase alcança o Rigoni nas estatísticas, com 5 meses de desvantagem, já se via que ali estava um craque, um diferenciado com futuro brilhante pela frente.

Grisson
E foi realmente o que se viu, venceu 17 estatísticas seguidas, quase 5000 vitórias, todas as provas de Grupo, 2 GP Brasil (Grisson e Off The Way), um GP São Paulo (Kenetico). Foi o único jóquei brasileiro a vencer no Japão, montou ainda na Austrália e Estados Unidos. Um grande campeão, montou com preferência para os Haras São Bernardo, Faxina, Jatobá, Malurica,São José & Expedictus, Santa Barbara em craques como os citados Grisson, Off the Way, Kenetico e mais Miss Welsh, Nageur, Tonerre, Clausen Export, Quiz, El Asteróide e muitos outros.

Para se ter uma ideia dos números do Barroso, fora o J.Ricardo, nenhum jóquei sul americano atingiu 5000 vitórias. À parte isso nunca foi suspenso por dolo ou negligência durante 35 anos de profissão.
Off The Way
Este ano se cogitou fazer uma homenagem significativa a ele, por ocasião do GP São Paulo, da mesma forma que foi feita em 2004, na Gávea, aos Jóqueis L.Rigoni (50 anos da vitória com El Aragonês) e J.M.Silva (25 anos da vitória com Gourmet) com direito a despesas pagas e cachet de participação, uma homenagem justíssima e merecida. Eles entraram na raia ao lado do J.Ricardo sob estrondosos aplausos de todos que lá estavam .
Procurado por mim, com o conhecimento da Comissão de Turfe (José Luis Polakow) e a participação do colega Marcelo Lefevre, Barroso não se mostrou interessado, infelizmente, quem sabe numa próxima vez, por que toda coletividade turfística anseia e deve a ele uma homenagem do tamanho da sua trajetória no turfe brasileiro.
Nós aqui do Turfemania, estamos fazendo a nossa parte, o Figuron e Varanda, Aron e eu. Vou fazer este artigo chegar a ele para que saiba que não o esquecemos, respeitamos e admiramos este grande campeão, quem sabe com isso ele compareça o ano que vem.

Kenético



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