Páreo da Sorte

"Todos os dicionários juntos não contêm nem metade dos termos de que precisaríamos para nos entendermos uns aos outros."

José Saramago em "O Homen Duplicado"


Não sei se é pelo meu viés, claramente contrário aos quadros atuais do JCSP, mas sinto que meus comentários são lidos por alguns olhos que, de antemão veem críticas, onde jamais disse um ai. A respeito do Páreo da Sorte, uma única vez, em comentários a uma postagem, teci consideração, falando que a exposição na mídia viria ao encontro do que a maioria queria: tornar as corridas de cavalos familiares a uma imensa parcela da populção que nunca ouviu falar em Turfe e que nem sonha que ele, o Turfe, é um esporte, o "Esporte dos Reis".
Ontem fiz uma pequena matéria, falando que a prova em questão estava compromentendo o bom andamento de outras modalidades, além de causar alguma sobrecarga aos animais que ficam de suplentes e depois tem de correr na corrida seguinte. Gente, isso não é criticar o "Páreo da Sorte", ponto e é um ponto final.
Feito este intróito, agora sim falarei sobre o tema. A ideia em si é muito boa, porém cercada de mistério. Ninguém sabe (se alguém souber, venha correndo aqui nos contar) qual é a fatia que cada parte leva, ninguém sabe quantos números foram jogados e isso com a promoção completando um mês de vida.
Convido-os para uma pequena análise matemática: para que o prêmio saia com certeza é necessário que se tenha um milhão duzentos e trinta e cinco mil e quinhentas e vinte ligações. Neste caso seriam arrecadados, um tiquinho a menos de cinco milhões de reais. O prêmio ofercido, não custa nada lembrar, são 100 mil reais (apenas 50 vezes menos).
Vamos à segunda parte de minhas elucubrações. Se, em quatro edições, o prêmio saiu três vezes, um pequeno leque de opções se apresenta, mas da maior para menor em probabilidades estatísticas, temos:
1) O JCSP, por menor que seja sua participação na bolada, está ganhando muito dinheiro, pois é quase impossível que se ache fórmula acertadora toda semana se pelo menos metade das possibilidades não tivesem sido apostadas a cada rodada. Estamos falando de dois milhões e meio de reais . Se, digamos, a porcentagem de lucro do JCSP for de 20% ( uma porcentagem bem baixa, acredito que a fatia é maior) , temos quinhentos mil reais entrando em caixa e mesmo que seja o Jockey que pague o prêmio, ainda sobram quatrocentos.
2) O JCSP é a entidade mais azarada da história, pois apostam-se de cinquenta a cento e cinqueta mil ligações e mesmo assim, contra um universo de mais de um milhão de combinações , toda semana o prêmio sai.

Em qual dessas alternativas crê o leitor? Como disse, a ideia para auferir lucro foi genial. Resta saber o que será feito em prol do turfe com esse capital que entra. Aumentar os prêmios, iluminar o palco que parece boate, baixar os percentuais de retiradas, dar uma repaginada nas estalações, melhorar as filmagens das carreiras, ou pelo menos pagar as dívidas, já estaria de bom tamanho. Vamos esperar...