20 novembro 2009

História de Radiamadores

Corrida de Cavalo

Antônio Mahfuz, quando jovem.e antes de ser um dos Ms da MPM Propaganda, era narrador de turfe no Hipódromo dos Moinhos de Vento, também chamado de Prado. A Rádio Difusora, da cadeia Associados, transmitia as carreiras, ao vivo. Mahfuz era o narrador principal.
Conhecia cavalos, jóqueis e tratadores como poucos. Isso lhe dava acesso a algumas dicas de possíveis vencedores, nem sempre confirmadas mas, inevitavelmente, tentadas.
Eram tempos duros, de muita esperança e pouco dinheiro. O salário, além de baixo, era recebido aos pedaços, em vales miseráveis; e este pouco muitas vezes se esvaía, sem retorno, nos guichês do Jóquei Clube.
Mas, em um princípio de semana, lá por volta de 1951/52, Mahfuz recebeu uma informação quentíssima para um páreo de domingo: Esperança, um azarão quase matungo, ia vencer a carreira principal.
Dica segura, passada aos cochichos entre as estrebarias, por um amigo que nunca errara. Perdido por um, perdido por mil! Antoninho, como era chamado, vendeu relógio, máquina fotográfica, correntinha de ouro com a respectiva medalhinha, conseguiu dinheiro emprestado a torto e a direito (consta que até parentes do interior mandaram algum para ajudar na operação de um amigo à morte) e, no domingo estava lá, jogando o que tinha e o que devia no cavalo menos credenciado do Jóquei.
Do guichê voltou rápido, para seu posto de narrador. Nervoso, não se contendo em aguardar o início de sua redenção, ou do desastre ainda maior, o fluente Mahfuz se mostrava gaguejante e ansioso.
E largou o páreo! O cavalo Esperança em último lugar. Mahfuz narrava aos atropelos, falando mais no último colocado do que nos ponteiros.
- E vem, e vem, na reta final, embolados. Esperança, que largou em último, começa uma espantosa recuperação; passa por um... por outro... e mais outro. E vem! Dá-lhe, Esperança. Os ponteiros não vão segurar. Se aproxima Esperança... é o segundo agora. Meu Deus, incrível! Próximos ao disco, últimos cem metros, cabeça a cabeça... passou! Passou! Desgraçado, vai ganhar... Esperança vai ganhar...
E berrou, eufórico:
- E cruzam o disco! Esperança em primeiro. Ganhou Esperança.
Engoliu ar, levantou da cadeira, ergueu o braço direito bem alto, microfone na mão esquerda, e disse a frase que encerrou sua carreira como narrador de turfe:
- Este cavalo vai pagar um caralhão de dinheiro!!!
Não narrou mais nada e nem precisou. Ganhara dinheiro por muitos anos de trabalho.

Fonte: QTCbrasil A arte da Comunicação
Autor: Ivan - PY3IDR

Um comentário:

  1. A história do narrador do Moinhos de Vento, parabéns !!! Eu sinto uma saudade da Elis, do Chico, do Hermes Aquino, do Vinícius....naum dá p aguentar Ivetes e Bandas Calypsos.....

    Abraço

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