01 março 2015

JOQUEIS CHILENOS NO BRASIL

Stud Figuron & Varanda Por Olavo Rosa Fº


Muito se tem falado do êxodo de jóqueis brasileiros, com muito

sucesso, conforme matéria do nosso colega Lefèvre, mais de

vinte, em especial J.Ricardo (2° do mundo em numero de vitórias),

A.Domingos e F.Leandro (Argentina), S.Souza(Reino Unido)

T.J.Pereira(vencedor em Dubai), E.Rosa(Canadá), M.Nunes e

F.Durso(Macau), L.Rocha(EUA) e o excepcional J.Moreira, hoje em

Hong Kong. A razão está no fator econômico e o declínio do turfe

brasileiro, me disse um dia o Massoli, antigamente eu ganhava um

GP, dava para comprar uma casa, hoje ganha-se um páreo e não

dá pra comprar uma bota de trabalho. No passado era o inverso,

jóqueis da América do Sul e alguns até da Europa vinham para cá,

senão vejamos. Em S.Paulo, ainda na Mooca vieram:

G.Greme (GP São Paulo com Pons) J.Canales(GP Inaugural Cid.

Jardim com Bagual), C.Fernandez (GP São Paulo com Algarve e

Sargento), argentinos Charles Gray (GP São Paulo com Aprompto)

inglês, F.Biernascky (GP São Paulo com Flutter e Timely) polonês,

ainda tivemos o E.Le Mener, francês, pai do nosso conhecido

E.LeMenerFo. Já em Cidade Jardim tivemos o E.Garcia, único

ganhador do Derby com Faaimbé e o S.Paulo com Zonzo, no

mesmo ano, em 1950, argentino.

Todavia, a grande influência e brilhantismo veio da escola

chilena, talvez o Marcio "Almirante", que vive no Chile ou o Aron

Correa, que é um estudioso, possam me explicar o porquê

dos chilenos terem aquele estilo tão bonito, de estribo curto,

bem antes dos americanos e australianos. O fato é que eles

começaram chegar aqui na década de 20, principalmente J.Salfate

(ganhou o GP São Paulo com Éden e Santarém) A.Molina (GP São

Paulo com Printer e GP Brasil com Polux) além de tríplice coroado

com El Faro e o Luis Gonzalez. Esse merece destaque, ganhou o

S.Paulo com Formasterus e o Brasil com Albatroz, mas é o maior

ganhador de estatísticas até hoje(claro tirando o Barroso) dono

de um estilo milimétrico, dizem contava o numero de galopes para

chegar no disco, quase não batia no cavalo, chamado de Mestre,

foi professor da escola nos últimos tempos.

Na Gávea tivemos o J.Zuniga, ganhou o Brasil com Six Avril e

Albatroz, no seu caminho veio atrás o O.Ulloa, ganhou o Brasil

com Helíaco, ganhou várias estatísticas na Gávea e , na minha

opinião, influenciou, assim como o Gonzalez, várias gerações de

bridões brasileiros, um verdadeiro atleta, vinha e voltava correndo

de sua casa ao hipódromo todo dia. Devido ao grande sucesso

de Zuniga e Ulloa, vieram E.Castillo, LDiaz (GP Brasil com Pontet

Canet), J.Marchant (GP São Paulo com Qüiproquó) e F.Yrigoyen,

esse jóquei do Stud Seabra, ganhou todos os páreos importantes

no Brasil com Dulce, Sing Sing, Emerson, Lausanne, culminando

com duas vitórias retumbantes de Escorial em San Isidro,

Pellegrini e 150° Centenário.

Em S.Paulo, 1945 chegou o Rene Zamudio, e no mesmo ano já

venceu as estatísticas , chamado Sapo, pela sua posição, muito

forte, de pequena estatura. Depois vieram jóqueis excelentes

como R.Olguin, especialista em correr cavalo de ponta, pai do

J.R.Olguin e do M.Olguin, avô da nossa companheira Beth Salles,

teve um acidente numa noturna e acabou falecendo, Rene Latorre,

dono de uma posição muito bonita, pai do M.Latorre, Ramon

Pacheco, faleceu muito moço, vítima de infarte, e Luis Osório.

Mais recentemente, anos 60 e 70 chegaram os dois últimos ases

das rédeas vindos do Chile: Enrique Araya, campeão no Chile,

montou desde os 12 anos, veio para o Brasil montar Trenzado

em 66, impressionou tanto, que foi contratado pela família Paula

Machado e aqui permaneceu até hoje, pai do Nestor Araya, meu

amigo. Seu estilo nunca foi igualado, um movimento de pernas e

braços que fazia até matungo correr, um fenômeno.

Finalmente tivemos o G.Menezes, veio inicialmente para o Rio,

ficou por lá um bom tempo montando para os Paula Machado,

também, aí teve uma proposta do Haras Inshalla e veio para

S.Paulo, onde ganhou o GP S.Paulo com Tibetano e As de Pique,

permanece como comissário de corridas até hoje, o ultimo grande

jóquei chileno a emigrar para o Brasil.

Finalizando, rendo minhas homenagens a todos estes

grandes jóqueis pela sua excelência, os jóqueis brasileiros, com

predominância de freio, tiveram uma grande influencia deles e

isso tem passado de geração em geração, cumprimento seus

descendentes, podem ter orgulho deles, escreveram seus nomes

em cada centímetro das nossas raias e deixaram seguidores até

hoje.

2 comentários:

  1. Caro Olavinho, grande matéria. Aproveitando o seu gancho transcrevo matéria do saudoso Heitor de Lima e Silva, o maior cronista de turfe do Rio, sobre jóqueis do passado, publicado em sua coluna "Histórias e Estórias", na revista JCB, na década de 80.

    ALBERTO FEIJÓ veio do sul com seus irmãos Oswaldo e Gonçalino. Campeão em Moinho de Ventos, ele teve grande sucesso no Rio. Ganhou, inclusive, a estatística (talvez de 1932). Com problemas pulmonares, montava pouco e também durou pouco. Bom largador e com ótimo percurso, foi excelente freio.
    OSWALDO FEIJÓ, irmão do Alberto, chegou a montar no Derby. Também fraco do pulmão. Na profissão de treinador era insuperável, usando sua grande intuição. Deu show com o craque Latero, ganhando o Brasil e o São Paulo. Manteve Quiprocó, que ele chamava “Piprocó”, em forma durante quatro anos, apesar de o tordilho ter diarreia crônica. Pode ser colocado entre os cinco melhores treinadores do Rio de todos os tempos.
    GABINO RODRIGUES, uruguaio, morreu além dos 70, sem falar português. Teve grande destaque na época do Dr. Buarque de Macedo. Garbosa Bruleur foi seu grande trunfo. Casado com dona Olívia, ela representava mais do que um segundo gerente para ele. Fazia tudo. Foi um bom treinador tão somente.
    REDUZINO DE FREITAS foi melhor como jóquei do que como treinador. Formou uma dupla com Oswaldo Feijó que se entendia por música. Ganhou corridas memoráveis montando para o Stud Muniz de Aragão, inclusive com o tríplice coroado Talvez. Era gaúcho.
    FLÁVIO MENDES, paranaense, era jóquei de alta categoria, montando até de 47 quilos. Fez uma temporada de sucesso em Buenos Aires e foi o criador da “cozinhada”, com Celestino Gomes, para quem montava. Morreu trabalhando uma potranca, sem capacete, no escuro, no Hipódromo de Guabirotuba, em Curitiba. Posição perfeita em cima do cavalo.
    JOSÉ SALFATE, bridão chileno, montava pesado. Considerado o melhor piloto de seu país, veio contratado pelo Dr. Linneu. Liderou estatística, obteve vitórias memoráveis com Zaga, Myrthée, Bosphore e Young, entre outros. Energia extraordinária.
    JULIO CANALES foi outro chileno contratado pelo Dr. Linneu. Era segunda monta, mas muitas vezes ia para frente e ganhava. Bom jóquei, espírito alegre e carioca. Campeão de bilhar. Também pilotava os cavalos do cantor Francisco Alves, inclusive Salmon, o melhor de todos.
    ANDRÈS MOLINA, contratado pelo Haras São José, foi mais um chileno. Alguns o consideravam melhor do que Salfate. Pequenino, ficava escondido em cima dos animais. Nos últimos anos, era o principal professor dos jóqueis de São Paulo. Morreu em 1982. Na época dos cassinos, era figura popular na Urca e no Atlântico. Gostava de uma campista. Era perdedor.
    DOMINGOS SUAREZ, URUGUAIO, também morreu em 1982 e sem falar português. Seu apelido era “Cabito”. Ganhou todos os grandes prêmios do Derby e do Jockey, menos o Brasil. Tirou segundo com Belford, para Mossoró, em 1933. Morreu só, sem amigos ou parentes, numa casa de repouso, em Bonsucesso, na mais completa miséria. Seis meses antes, visitamos Cabito com o jóquei Atahualpa Brito. Não abria mais os olhos, mas reconheceu nossa voz. A acompanhante nos indagou se ele fora mesmo tão famoso quanto dizia. Logo depois da fusão, ganhou com Conjurado uma famosa corrida de 3.200 metros.
    segue..

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  2. KALMAN PUPO VITZ era romeno. Desajeitado em cima dos cavalos, ganhava sempre com rateios altos. Contam que, certa tarde, depois de meio ano sem ganhar, vinha na frente com o tordilho Kerensky, quando surgiu o Salfate atropelando com o favorito. E ele começou a gritar e chorar: “Já perdi, Salfate. Você é melhor do que eu. Não ganho há um ano. Pode me ganhar”. E seguiu chorando até cruzar o disco, com pescoço na frente do outro. Era figura querida entre os colegas. Salfate não quis ganhar.
    AMÉRICO AZEVEDO - já o conhecemos com muita idade. Era chamado de Tio Américo. Pequenino, nervoso, era um treinador de mão cheia. Tirou a matriculo do Levy Ferreira, que o considerava um mestre.
    GABRIEL REIS, outro tio, ser humano excelente e muito respeitado pelos colegas. Honesto e sério ganhou bonitas corridas no Derby e no Jockey. Dizem que foi jóquei, mas nunca conseguimos confirmar.
    MANOEL RAPHAEL apareceu por aqui com a égua baiana Canace. Foi treinador oficial de Dona Inah de Moraes. Cuidou, entre outros, de Typhon, Defiant e Lord. Tinha um “chocolate” famoso: um pouco de arsênico, cola, ovomaltine e um pó misterioso que era seu carro-chefe Também profissional muito querido.

    Grande abraço,

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