20 agosto 2008

O uso do chicote

Mais um tema que ninguém se entende. Olhem a lista de jóqueis famosos que foram punidos pela Comissão de Corridas carioca, por uso imoderado do chicote nos últimos meses: T.J.Pereira (4 vezes!), D.Duarte, C.Lavor, M.Cardoso, A.Gulart e até o desaparecido A.Mota. Duvido que os ginetes paulistas sejam mais disciplinados que os fluminenses , mas não encontrei punições por este delito nas Resoluções dessa Comissão. A controvérsia começa quando especialistas na matéria dizem que , durante todo o percurso, deva-se açoitar o animal entre seis a oito vezes no máximo. Ora, batem bem mais que isso, só nos últimos cem metros, noventa por cento dos jóqueis brasileiros. Se é fato que rigor demais acaba por atrapalhar e inclusive diminuir a velocidade dos animais, por qual razão, os maiores interessados em que isso não aconteça, fazem justamente o que não é o indicado para o momento. Não é raro de ver, em uma reta final , animais serem castigados mais de 30 vezes, numa velocidade tal, que é de causar inveja até para os integrantes olímpicos da modalidade de remo. Evidentemente , que quando passaram pela escolinha de formação, todos foram devidamente instruídos a respeito de como se proceder nessas situações, sendo interessante até se entrevistar alguns, para que se saiba o porquê de os ensinamentos não serem aplicados. Outro ponto, seria o de onde aplicar o castigo, e novamente há divergência. Recomenda-se o golpe na anca e realmente muitos o fazem, em contrapartida, muitos também, chicoteiam na barriga do animal. O turfista, leigo na matéria, entre os quais me incluo, fica sem saber o que pensar, se os especialistas estão certos em suas afirmações, então seria correto inferir que a maioria dos jóqueis, fazem questão de diminuir o rendimento de seus pilotados, o que positivamente seria um contra-senso total.

4 comentários:

  1. Caro Aron:
    Meus cumprimentos pela direção que vem dando ao seu blog.
    Comentários, artigos e textos como estes alertam, mostram e oferecem ao turfista informações interessantes e mais que isso, aprendizado e compreensão na difícil arte de entender corridas de cavalos.
    Forte abraço
    Miranda Neto

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  2. Obrigado Miranda,
    A intenção é essa, passar da forma mais clara possível, incluindo aí também as diversa dúvidas que me assolam, todos os detalhes do univeso das corridas em si, a prova, o páreo em seu desenvolvimento. Participações como a sua, sempre revigoram a minha vontade de escrever e isso certamente fará bem ao blog.

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  3. Existe muitas coisas que precisamos conhecer, sou analfabeta em relação ao assunto, mas que bom saber a respeito do que é feito, e o que se pensa a respeito de chicote. Como conhecer e saber para instrução e não como punição.

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  4. Em um comentário recente no Espaço do Leitor do Raia Leve, Sérgio Barcellos fala um pouco do tema. Disponho aí abaixo para sua consideração, anônima:



    "É só olhar e ver os novos chicotes...

    Quem se detém na análise de qualquer foto da chegada dos páreos na Europa, e mesmo nos EUA, já percebeu: os chicotes mudaram de tamanho, especificação e formato.

    Todos hoje têm um tamanho padrão (em torno de 70/75 centímetros), todos são inteiramente acolchoados (não "cortam" mais a pele dos animais), e nenhum deles tem mais ponteira.

    Na França, esse tipo de chicote passou a ser obrigatório a partir de janeiro de 2011. E a racionalidade do novo equipamento aos poucos vai ganhando o mundo.

    Claro, chicote jamais foi feito para punir, e sim para alertar e incentivar. Ponto.

    2 - Em nosso turfe, porém, cada chicote tem um tamanho (depende sempre da "criatividade" do jóquei); alguns são feitos para, propositadamente, cortar e torturar o animal; e, na Gávea (parece piada...), vários deles têm ponteiras pintadas de branco (o que equivale a fazer voar uma mariposa à frente dos olhos do cavalo que evolui ao lado...).

    Nesse caso, adeus concentração para passar o adversário.

    Parece ter chegado a hora de copiar o exemplo civilizado dos turfes desenvolvidos, e padronizar de vez os chicotes usados entre nós.

    Uma coisa é certa: os animais (principalmente potros e potrancas), o registro de ocorrências veterinárias dos hipódromos, a educação dos aprendizes (principalmente isso!), e a lisura das corridas agradeceriam penhorados.

    Por que a lisura? Porque cavalo espancado, torturado e, eventualmente cortado, pela violência da surra que leva de seu jóquei, tende a se defender, mistura o tempo das diagonais, e encurta a passada, ao invés de alongá-la.

    O ideal para quem não pretende chegar..."

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