Entrevista com Eduardo da Rocha Azevedo

Eduardo da Rocha Azevedo é empresário de inquestionável sucesso, com sólida trajetória no mercado financeiro. Foi presidente da BOVESPA, onde teve passagem marcante. Durante sua gestão a Bolsa de Valores do Estado de São Paulo sofreu profunda transformação, partindo de um papel secundário e tornando-se a principal bolsa do Brasil. Ainda como contribuição para o mercado financeiro, criou a Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), que se transformou no principal centro de negociação de derivativos do Mercosul.

Sua participação na área educacional também merece destaque. Eduardo é um dos sócios fundadores da FACAMP, que em pouco tempo - foi inaugurada em 2000 – já se estabeleceu como uma das melhores instituições em ensino de excelência, tendo seus resultados reconhecidos por importantes institutos nacionais.

Sua história, no entanto, não se resume apenas ao campo empresarial. Eduardo é apaixonado por cavalos de corrida, proprietário desde 1973 e criador desde 1978. Atualmente possui, no Haras Santa Camila, plantel com 26 éguas. Suas criações obtiveram expressivas vitórias, com destaque especial para a égua Colina Verde, tríplice coroada em 2007.

Por sua história como proprietário, criador e aficionado por corridas, Eduardo tem especial respeito pelo público amante do turfe. Assim sendo, concedeu entrevista exclusiva para o Turfemania, onde responde questões relevantes para aqueles que, realmente, são apaixonados por tão nobre esporte.



1) Qual o plano para se recuperar os prêmios defasados dos páreos. A mesma pergunta serve para o soerguimento do Movimento Geral de Apostas? As modalidades de apostas, notadamente os Concursos, permanecerão neste formato atual?

RESPOSTA: Este é o desafio básico que enfrentaremos. Não é possível o soerguimento do turfe sem que os prêmios sejam economicamente representativos para materializar a qualidade das competições. É reprovável o atual momento do Jockey que sequer consegue realizar um número aceitável de páreos e de inscrições de cavalos em condições de competitividade. Evidentemente buscaremos repaginar as modalidades de apostas, visando ganhos de escala e facilidades para o aficionado pelo turfe.


2) O site do JCSP tem um cunho fortemente social e político. As corridas de cavalo e seus aspectos técnicos terão maior espaço em sua gestão. Quais as possíveis melhorias neste setor?

RESPOSTA: O site do Jockey não pode ser uma caixa-preta que nada informa aos seus sócios e muito menos se constituir em veículo de promoção pessoal da Presidência. Devemos reconhecer que o site do Jockey Carioca é transparente e rico em informações sobre sua situação financeira o que é escondido pelo Jockey SP. Obviamente o site do Jockey São Paulo deve se transformar em canal de informações em que também os aspectos técnicos serão peça prioritária. Com o objetivo de valorização da marca Jockey, o site deve se transformar em poderosa ferramenta que seja capaz de atrair investimentos e conquistar grandes patrocínios para nossas atividades.

3) O Código Nacional de Corridas, visivelmente obsoleto, será foco do empenho de sua diretoria junto a Comissão Coordenadora da Criação do Cavalo Nacional - CCCCN, visando atualização, ou até mesmo criação de um novo Código?

RESPOSTA: No mundo contemporâneo não há mais espaço para uma atuação isolada do Jockey sem a celebração de parcerias com as autoridades governamentais.


4) A Comissão de Corridas de cada hipódromo é um setor vital para que o Turfe recupere a credibilidade, neste sentido passar a ideia de uma caixa preta a que poucos têm acesso não parece o melhor caminho. Há alguma preocupação em melhorar o tráfego de comunicação e informação junto ao turfista?

RESPOSTA: Tivemos a preocupação de convidar turfistas com amplos conhecimentos e vivência para responder por tal tarefa de fundamental importância junto à imagem pública. De maneira concomitante reforçaremos o princípio de profissionalização determinado em nosso plano de ação para o Jockey.

5) Quanto ao bom funcionamento das corridas, estado das raias, iluminação, painel do prado, que melhorias estão previstas?

RESPOSTA: Aqui temos mais exemplos de promessas não-cumpridas pela atual administração. Nada foi feito. Todo espetáculo merece um palco que possibilite bom desempenho dos participantes e o Jockey faz parte deste concerto. Não há como negar que a precariedade da  iluminação constitui uma das metas prioritárias da nossa administração.


6) Recentemente seu nome foi alvo de polêmica no site Raia Leve. O motivo foi a venda de antigo Posto de Fomento do JCSP. Sua versão dos fatos nos esclarecerá melhor este imbróglio.

RESPOSTA: Olhe só quem acusa! A atual gestão se caracteriza pela tentativa subreptícia de proceder a uma açodada alienação, por meio de permuta, de grandes imóveis e áreas do Jockey. Tudo sem avaliação prévia dos bens, sem entrada imediata de recursos financeiros, com claúsulas de confidencialidade sobre o valor do negócio e ao arrepio dos estatutos sociais, ou seja, sem aprovações do Conselho Superior e da Assembleia Geral. Pior ainda, com o desconhecimento das instituições municipais (CONPRESP) e estaduais (CONDEPHAT). Enfim, a atual administração propôs entregar um cheque em branco para o consórcio OAS/GAFISA. Entre tantas outras irregularidades da atual administração, por exemplo, onde está a cópia do contrato assinado entre o Jockey e a Tok&Stok em local privilegiadíssimo de São Paulo? Quanto ao episódio de alienação do Posto de Fomento em Campinas, os recursos foram utilizados para pagamentos de questões trabalhistas. O processo obedeceu todos os ditames e rituais do Jockey, quais sejam: Aprovação da diretoria de que participava como diretor, recomendação favorável por parte do Conselho Superior e aprovação pela Assembleia Geral Extraordinária, que contou com expressiva presença de sócios. A estranhar ainda tal colocação uma vez que membros da atual administração também participaram daquela diretoria.


7) Considerações finais.

RESPOSTA: Sabemos que a presente missão vai exigir de nós muita determinação e apoio de todos sócios. Considero também como fundamental a presença e o papel dos profissionais da comunicação na recuperação desta entidade tão importante para nossa cidade. Confiamos que o Jockey vai retomar o esplendor de seu posicionamento no contexto de esporte de ponta e canal de entretenimento para a sociedade brasileira.