A origem de tudo

As opiniões gerais, depois de um páreo que o franco favorito não pagara placê, eram de que: perdeu porque o jóquei pôs fora; este treinador sempre fracassa com o favorito; exageraram em realçar as forças deste animal; correu bem, mais cem metros e ganha ele; demorou para sacar por fora; deu vantagem nas curvas; aqui no Cristal acontece cada uma que até Deus duvida; vocês não sabem nada, jóquei e treinador estavam fechando uma acumulada monstro, que castigo; me arruma o da passagem porque esse me deixou duro; essa comissão de merda, eles fazem isso para o Simples (Pick) acumular; nunca mais eu venho aqui; vocês não viram que o cavalo cagou na pista na hora do cânter, aí não tem jeito de ganhar; alguém quer um binóculo, vendo quase de graça; malditos anões morféticos; vamos embora que amanhã tem mais; já falei que jogar do lado do favorito é prejuízo certo, e toca essa barbada!; isso aqui é o fim do mundo, nem pista de grama tem.
Não esquecerei nunca, era 20 de Julho de 1970, um sábado, véspera  de tri-campeonato, eu ainda menino, sem entender quase nada, mas adorando tudo aquilo. Claro que, passado 40 anos, estas opiniões e jargões turfísticos, acabam cansando um pouco, posto que se repetem "ad nauseam" em todas as reuniões, mas naquela época e naquele momento, eram muito mais saborosas do que as corridas em si.