30 outubro 2008

Devagar com o andor...

Temos a mania de mensurar tudo, na tentativa de prever o futuro a partir dos padrões passados. É o meu caso e pelo que vejo de muita gente aqui no blog.. Parece um vício herdado dos tempos de escola, depois do aprendizado da matemática e da estatística.
No mundo das carreiras as previsões de resultado são altamente complexas, pelo número de detalhes a considerar. Tirar proveito dos acertos, no cômputo final das apostas, é ainda mais complicado, pois podemos acertar mais da metade dos páreos e sair no prejuízo, como podemos errar quase todos, acertar apenas um, e sair no lucro. Para confortar tem também aquela frase constante do Bolonha e do Paulo Valentin (O Favorito): o turfe é a única modalidade onde é possível jogar todos os números e ainda ter lucro. Claro está que uma vez ou outra, se não quebra a banca e a brincadeira acaba.
Li com atenção a lista de mandamentos postada pelo Aron, antes mesmo de me tornar colaborador constante do blog. Não desprezaria nenhum. Ampliaria o 6º (sobre os “viradores”) recomendando também distância dos palpiteiros, pessoas que mesmo desinteressadamente, gostam de dar um “pio” para aparecer. No 8º (se defender nas pules de 5,0 para cima) colocaria um senão: é um perigo para os “bailarinos”, aqueles que vivem “procurando chifre em cabeça de cavalo”.
De forma geral os mandamentos, para quem tem disciplina, são de grande utilidade. Ocorre que boa parte deles está associada a valores numéricos, poucos estáveis, a maioria variável (balizamento, distância, pedra de apregoações, estatísticas de profissionais, peso anterior do animal, peso atual, peso de handicap, etc.) A pergunta que se coloca, inevitavelmente, é: ainda que conhecidos os números (às vezes não o são) como interpretá-los e como ponderá-los para aferir a chance de cada competidor? E como fazer com fatores não mensuráveis, tipo “propensão a dar só um galopão” (forma elegante de falar das puxetas); animais inscritos só para formar o páreo (olhar com atenção os inscritos); presença do proprietário e/ou não da família no hipódromo; descarte em páreos de claiming etc..
Como o É Turfe não vive só de mandamentos, ando atento também para outras postagens e comentários. Não é que a história dos números está presente em quase tudo. Do penetrômetro e suas implicações na decisão sobre raia e ferrageamento, nem é preciso falar. Agora entrou no ar o grau de hemorragia. Valeu pelas explicações técnicas sobre o assunto. Mas, aqui entre nós, lembrando que em Belém se costuma perguntar “antes ou depois da chuva?” aqui em Cidade Jardim se alguém der uma tacada com animal hemorrágico hão de perguntar “antes ou depois do Granizo?”.
Mais um complicador que coloco em discussão a respeito dos números no turfe é o que costumo chamar de “viés” . Um competidor dificilmente mantém inalterados os seus números de uma carreira para outra, Podem mudar a distância, a baliza, o jóquei, a enturmação, a condição da pista, etc, Dá para afirmar com pequena margem de erro que o sucesso ou o fracasso de um animal se deva ao fator a ou b?
Devagar com o andor, caros amigos, que está explícita uma verdade absoluta: os números ajudam, mas vamos sempre precisar do “intuitômetro”, do faro, do palpite e da sorte.
Ainda bem, pois é a melhor maneira de lotar os hipódromos e não os consultórios de psiquiatria.

Um comentário:

  1. Laércio

    Muito bom de novo.É isso mesmo, como falei em sei lá qual mandamento, corre-se o risco de passar o tempo todo sem jogar, quem seguir á risca todos os mandamentos,Muita informação para processar, também é incompátivel com a mente humana. Talvez se arranjássemos um grande programador, pudessemos por todas essas informações e mais algumas que tenho guardadas aqui na cabeça em um software.Tenho certeza que um programa feito de modo bem caprichado teria um índice de acerto melhor que os nossos, e de todos que se intitulam catedráticos. Mas isso , por enquanto é um sonho que acalento para o futuro. Voltando à sua postagem em seu penúltimo parágrafo, por linhas tortas foi exatamnete o que eu quis dizer, com o décimo sexto e último mandamento. Há que se ter um algo mais...

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