21 setembro 2009

Salve o Balacobaco

Como qualquer curioso, resolvi examinar os cavalos que correriam o Grande Prêmio Brasil. Era domingo chuvoso e em casa, sintonizados na TV, aguardávamos a corrida. Alguém sugeriu que fizéssemos um bolo. Topamos.
Logo desisti, indignado.
- Recuso-me a dar palpite. Não há um só cavalo com nome em português!
Assim falei para notar, em seguida, que minha indignação era só minha.Até me olharam de modo estranho, caiu mal e recebi olhares réprobos como se faz com os ranhetas, os chatos.
Ninguém mais se indigna com isso, pensei. Sou mesmo um velho dromedário, baú antigo, ainda gosto do som de violão e das palavras brasileiras.
Mossoró, Gualicho, Tirolesa, Formosa, Garbosa, Gardênia, Sedutor, Lero-Lero-Gualicho, Príncipe, Diplomado,Verdugo, Pé-de-Vento.
Vontade vem-me de parafrasear Manuel Bandeira: "Ah, como eram lindos os nomes dos cavalos de minha infância"...
Espantosa a moleza brasileira em relação aos modelos estrangeiros, norte-americanos, sobretudo.
Liga-se o rádio, supõe-se estar nos Estados Unidos. O nome das lojas de um centro comercial (que hoje é shopping como ontem era magazine...) raramente é Boticário, Bum Bum, Água de Cheiro, Coisas da Fazenda ou Esplanada, pois, até esta, há anos, transformou-se em Newsplan, com roupas para jovens.
Toda a linguagem da aviação e do automobilismo, da computação e da comunicação é em inglês. Pois até nosso hipódromo (nome feio mas sonoro que gerou até camelódromo...), , conhecido como Jockey, que virou Jóquei e Club que virou clube, até ele quase já não possui cavalos com nomes brasileiros.
O que se passará na cabeça dos proprietários ¹ de cavalos? Que é elegante? Que moram em Londres? Que são cultos? Que o turfista prefere os nomes em inglês? Que os locutores acham mais fácil pronunciar Flyng Touch que Peteleco? Que é mais atraente o turfe com cavalos que simulam ser estrangeiros?
Concluo, abatido, que por serem ricaços, possivelmente são os mesmos que colocam nomes estrangeiros em suas lojas e fábricas, na suposição (será certeza?) de que o brasileiro é fissurado no que leva nome estrangeiro, tem ar de gringo e não é fabricado no Brasil.
Isto posto, vestirei minha camisa comprada na Malharia Mena, que é brasileira e ótima, tomarei um Mineirinho com bolo de milho, calçarei sandálias "franciscanas", comprarei uma goiabada Vera, lá de Mimoso do Sul, e darei um salto até o hipódromo de Campos, o terceiro do país ², pois lá, ainda esta semana, correu um cavalo de nome Balacobaco. Palavra de honra. Podem conferir.

1- Aqui o autor se enganou, pois o correto é criadores.
2- Não sei quando foi escrito, mas não me recordo de Campos como terceiro hipódromo brasileiro.

Texto extraído de Diário doido tempo, de Artur da Távola.

3 comentários:

  1. começa a chover ARON E pessoal de loooooooooooooooongeee,,,,,,,,,,,chances de mudança de raia,APESAR DE CHOVER POUCO VOLUME--CREIO SER realmente uma incógnita,pois a grama tava seca,e o volume foi pouco,MAS COM CERTEZA ADEUS DESFERRADOS--ISSO EU AFIRMO

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  2. ANGLICISMOS--uma prova real de MUITA INFERIORIDADE CULTURAL DO BRASILEIRO,que sem IDENTIDADE CULTURAL,diz não á sua língua,e se curva ao domínio cultural norte-americano,depois de asassinar a língua,fazer o que!!!o domínio é economico e cultural.Culpa maior do brasileiro---voces já viram esses nomes--MAICOM JEKSON----JOM LENON---ETC,,,não é somente nome de cavalo--nome dos filhos!!os próprios americanos acham isso ridículo,eles admiram quem tem cultura própria.

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  3. Aron, a chuva aumentou e muito, provavelmente areia para todos os páreos.

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