18 maio 2017

Haroldo Barbosa

Stud Figuron & VarandaEl Aragones,
Conheci Haroldo Barbosa no JCB na década de sessenta. Nunca  tive com ele a mesma relação que tive com seu parceiro Luis Reis, mas sempre admirei sua genialidade. Figura multifacetária ficou conhecido do grande público por sua coluna " pangaré gostou", " pangaré não gostou" publicada no jornal " O Globo", além de ser o autor de melodias consagradas como "Palhaçada"," Nossos Momentos" e outras tantas em parceria com o citado Luis Reis ( habla cabellera como diria o saudoso Teóphilo de Vasconcellos ). Adaptava, em versões deliciosas, músicas americanas ( Edmundo ) e foi brilhante redator de programas de tv tendo lançado Chico Anysio e Stanislaw Ponte Preta, o grande Ségio Porto. Para lembrá-lo com carinho segue abaixo uma de suas músicas mais bonitas, com letra de Luis Reis, chamada " Canção da manhã feliz", imortalizada na voz de Elizeth Cardoso e Nana Caymmi :

     Luminosa manhã
     Pra que tanta luz
     Dá-me um pouco de céu
     Mas não tanto azul
     Dá- me um poco de festa não esta
     Que é demais pro meu anseio
     Ela veio olhar, voce sabe, ela veio
     Despertou-me chorando
     E até me beijou
     Eu abri a janela
     E este sol entrou
     De repente em minha vida
     Já tão fria e sem desejo
     Estes festejos, esta emoção
     Luminosa manhã
     Tanto azul, tanta luz
      È demais pro meu coração
    
Embora as manhãs não estejam tão azuis atualmente, fico feliz que o JCB dedique o sétimo páreo de domingo ao tricolor Haroldo Barbosa do qual tenho muita saudade.

08 maio 2017

A guerra que trouxe a paz

1
Esta é a posição a que chegaram, depois de quase um século a jogar, Maomé x Moisés (diagrama 1). É considerada por alguns especialistas em Teologia, como a partida das ilusões perdidas.

A primeira vista, parece uma posição impossível de se chegar, dado que há peões dobrados e todas as peças permanecem sobre o tabuleiro. Porém, este é um jogo basicamente de fé, e como sabemos, a fé remove montanhas. Ao ver seu Deus desprotegido, soldados hebreus aprenderam por milagre a andar em diagonal e, de milagre em milagre, formaram poderosa couraça protegendo o Senhor.

Soldados muçulmanos começavam a mesma manobra quando Alá, suspeitando que dentre eles havia um radical xiita, adepto de meios bombásticos para resolver situações, suspendeu a evolução da infantaria. Mesmo sendo Deus, uma bomba a estourar do Seu lado, provocaria seus estragos.

Voltemos ao jogo: Moisés acaba de ser informado pelo Serviço Secreto Israelense que o homem-bomba está a um passo do paraíso prestes a capturar em c4 e acabar com a disputa.

Não dá mais para permanecer na cordialidade secular que a contenda até então nos mostra. É preciso revidar àqueles que desejam exterminar com a história do povo judeu. Pega sua Dama e faz a primeira captura do jogo: Dxb3!

2
O lance provoca uma explosão sem precedentes, voam pelos ares casas, seres humanos e "quase humanos", além é claro, do próprio homem-bomba. Nada e ninguém sobrevivem nas colunas  "a" e "b". Eis o novo cenário (diagrama 2).
Neste momento, Maomé, a quem cabe o lance, excitado pelos acontecimentos, fala:
"Moisés, estamos há quase cem anos nesta peleja que tem por objetivo unificar as Religiões Abraâmicas, quem perder perece, quem ganhar se fortalece perante ao Cristianismo, mas nossa demora está a favorecer os seguidores de Jesus.
Sugiro que, em vez de lances, possamos tirar peças do tabuleiro a fim de criarmos ameaças de mate, urge um vencedor. Lances de verdade, como fala a regra original, só seriam feito como execução, ou seja, o famoso Mate em um."
O líder Hebreu, excelente jogador de "relâmpago" e já vendo alguns lances na frente, concorda com um grunhido de aprovação.


3
4
Então Maomé saca o Bispo de f6 e ameaça mate em um, com Ce7 (diag.3); Moisés responde, eliminando o cavalo de f5, ameaçando mate com Cg4 (diag.4).




5
Obcecado em atacar, não vê que ao tirar o cavalo de f5, permite mate imediato ao adversário, com o simples Be4.
O Profeta, outro obcecado, mas em  defender, também não vê o mate óbvio e diz que neste momento, para acertar o passo, vai apenas desaparecer com o cavalo de h6 (diagrama 5). Moisés caçoa do rival:
"Seu Deus torce por nós, lhe turvou a visão no momento decisivo ."
6
Depois deste susto, aquele que um dia dividiu um mar em dois, fica bem mais agressivo, usa de qualquer subterfúgio para obter vitória imediata a qualquer preço:
"Já quebramos vários mandamentos e na guerra não existe ética, muito menos virtude. Se você pode "acertar o passo", eu posso sumir com duas peças de uma só vez." 
Empurra para fora, o bispo ameaçador e o cavalo do canto do tabuleiro (diagr.6). A ameaça criada, de h1=C#, o envaidece.

7

Não vale a pena tentar descrever a cara colérica de Maomé. Diz furioso:
"Deixa de ser velhaco, seu profetinha de meia tigela! Fui generoso, ofereci a outra face como preconizam aqueles outros. E o que recebi em troca? Apenas violência. Agora é dente por dente, olho por olho." 
Retira os peões de h2 e d4, e, rapidamente sem deixar reação ao oponente efetua e4 (diagrama 7). Mate! Vitória do Islã!

8
A alegria não dura muito. Surpreendentemente calmo, o condutor das peças pretas levanta o braço e pede a intervenção do árbitro, Nosso Senhor Jesus Cristo. Fala:
"Messias, há dogmas que não podemos fazer desacreditar, nem em tempo de guerra. O primeiro é de que cremos em um só Deus, mas quase tão importante quanto este, é o de dar imortalidade a todo aquele que colocar sua vida a serviço de Deus. Os peões que envolvem o Ser Supremo são intocáveis, invioláveis e imortais, não são peões são anjos." 
Jesus balança a cabeça aquiescendo e faz voltar a partida ao momento da confusão (diagrama 8).
9
 "Maomé não volta lance, comigo é tocou jogou.  Deixa o meu peão em e4 e veremos as consequências." 
Ao que, em uma gargalhada, Moisés responde:
" Oh, imbecilidade que permeia o mundo, não sabe as regras do jogo de xadrez em sua totalidade. Vou dizer por extenso e em linguagem que a moçada não conhece mais: peão toma peão "en passant" mate (diagrama 9). O Islamismo morreu."

10
Agora é  a vez de Maomé inquirir Jesus:
"Companheiro Isa, aquela história de Anjo imortal que está do lado de Alá deve continuar valendo. Portanto, o peão de e4 é imortal (já que ele estava em e2, do lado do Criador), sendo o lance "en passant" impossível de realizar. Tô certo ou tô errado?"
Jesus, já com expressão incerta, continua a oscilar a cabeça afirmativamente. Há mais uma volta à posição crítica (diagrama 10). Percebe-se os três líderes meio  confusos. A tentativa de convencer o Árbitro, feita por Moisés, é brilhante:
"No sentido lato da lei o "ao passo" não pode ser proibido. Mesmo respeitando a imortalidade do peão de e4, o direito de ir e vir é assegurado por lei e apoiado por todas as nações progressistas. Portanto, realizo o movimento, convicto de sua factibilidade, mesmo não havendo captura."
Dado o insólito que se produz no tabuleiro, uma voz gutural,vinda do tabuleiro grita que pau que bate em Jeová, vai cantar dobrado na cabeça de Alá.

11
A posição resultante é a mais extraordinária da história do Xadrez (diagrama 11). Jesus abre a Bíblia em busca de alguma solução miraculosa, não há. Dois Deuses (ou seria um só?) em xeque ao mesmo tempo, sem que tenha havido lance impossível anteriormente, é uma situação única que ocorre no quadrado mágico. Nem o Novo muito menos O Velho Testamento conseguem explicar.
No íntimo, o Mestre se compraz. Está a um passo de matar dois coelhos com uma só cajadada.

Moshe Rabbenu e Muhamed (declinam seus nomes de uma outra forma, dada a vergonha de fazer seus Deuses passarem por  esta situação), ao perceberem que Nietzsche está prestes a confirmar a sua famosa frase  de que "Deus está morto", desiludidos pela tragédia que o tabuleiro mostra, se olham com  menos beligerância e até, quem diria, com alguma compreensão. Pensam e falam ao mesmo momento: " Está na hora de recuar." Mais uma vez, o autor da Torá dá norte as ideias:
"Anjos não podem desgrudar da Divindade. Vejam o exemplo de Satanás, que desgrudou e sabemos  muito bem no que deu."
Sem que ninguém toque qualquer peça, mais um milagre acontece. Os peões, por conta própria, voltam para o lado de seus protetores. Moisés complementa:
"Amigo Maomé, jogue Txd1 que eu, mesmo um pouco melhor, aceitarei o empate."
12

Maomé executa o lance e os dois levantam a bandeira branca (diagrama 12). É selado o armistício. Foi assim que o Xadrez fez a paz onde nenhuma divindade havia dado jeito.
Moisés vai embora, guardando a planilha com o  mesmo zelo com que carregou as Tábuas da Lei. Jesus e Maomé seguem por caminho inverso e Cristo, encantado com a estratégia e tática do Profeta, pergunta, mostrando intimidade:

13
"Mao, entendi tudo, o único senão foi aquele peão em d7. Foi a única peça que não serviu para nada." 
 "Deixei engatilhado, Jesus. O amigo Moisés parece boa gente e eu o perdoei. Mas se voltar a cantar de galo, reiniciamos a Guerra do ponto em que foi acertado o empate, uso uma bazuca na Torre , ofereço o Inferno a Satanás e faço nascer a mulher com quem virei a casar (diagrama 13)."


De certo a dama é Aïcha, pensa Jesus, e reconhece que nem seu Pai lhe ensinou coisas tão maravilhosas...

04 maio 2017

Viva , Brasil!

Stud Figuron & VarandaEl Aragones

 Cresci aprendendo ( hoje dizem que não foi bem isso ) que Pero Vaz de Caminha teria escrito ao rei de Portugal relatando que na nossa terra " em se plantando tudo dá ", ouvi por anos os versos de Ari Barroso " esse Brasil lindo e trigueiro é o meu Brasil brasileiro terra de samba e pandeiro " e finalmente leio uma frase correta sobre o Brasil, além daquela célebre do General De Gaulle que dizia que não somos um país sério,   vinda do Sr. Julio Marcelo de Oliveira, que no momento atua no TCU. Senão vejamos:
" Somos o país da impunidade. Da impunidade altaneira, orgulhosa, incensada, cortejada e mantida por vassalos ilustrados "
Dá-lhe Brasil!
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