24 outubro 2016

Da cor com que se mira

Stud Figuron & Varanda


No seu teclado, se você colocar ambos os indicadores sobre as letras "f" e "j", estará na posição perfeita pra começar a digitar.

Fazendo o gesto, descobri dois fatos ambíguos entre si:
1) A letra "b" é discriminada, pois é a letra que fica mais longe de todos os dedos.
2) A letra "b" é uma privilegiada, já que é a que está mais perto de ambas as mãos.

Sabe aquele ditado de Ramón de Campoamor, “En este mundo traidor, nada es verdad ni mentira, todo es según el color del cristal con que se mira”. É bem isso.

Aliás, até o ditado tem história nebulosa, já que dizem que foi Shakespeare, quem o escreveu, neste trecho: "A veces, no es todo "oro" lo que reluce. En ocasiones, la palabra sirve también para no decir la verdad; no, no es que se mienta, simplemente, se dicen medias verdades, ¿o no?. La palabra, sin la mirada, puede llegar a engañar; la mirada, sin siquiera la palabra, no engaña, ¿o sí?. Nada es verdad ni es mentira, todo depende del cristal con que se mira".

Logo depois Calderon De La Barca escreveu algo muito parecido, “En la vida todo es verdad y todo es mentira”.

Por fim, a frase "En este mundo traidor" é de autoria de Jorge Manrique.

Como vemos, o que nosso querido Ramón fez foi copiar e juntar ideias, mas o resultado é inegavelmente bonito.

21 outubro 2016

O Dragão

Stud Figuron & VarandaNa primeira página de "O Livro Dos Seres Imaginários", seu autor diz que o imaginam com cabeça de cavalo, cauda de serpente, grandes asas laterais e quatro garras, cada uma dotada de quatro unhas. E prosseguem  as semelhanças: cornos de cervo, cabeça de camelo, olhos de demônio, pescoço de serpente, ventre de molusco e mais algumas... Por fim, diz que é comum representá-lo com uma pérola, que pende de seu pescoço e é o emblema do sol. Todo o seu poder, a exemplo dos cabelos de Sansão, provém dela. É inofensivo se despojado da mesma.

Da minha parte, o arquetipo do Dragão foi construido todo ele na infância. Filmes o mostravam quase sempre com a aparência  que trazia uma pretensa ferocidade, mas que, com o decorrer da película,davam lugar a atitudes nobres e coração bondoso. O seu fogo era somente para os maus.

Agora, em uma maturidade que já beira a velhice, o Dragão, este ser cambiante, volta a frequentar  meus pensamentos, mais precisamente meus sonhos. São pesadelos terríveis, o bicho me oprime, me ameaça, todo bom jogador de xadrez sabe que "a ameaça é pior do que a execução".

Procuro novamente em Borges, agora no fim do seu relato, algo que me dê pistas sobre meu pavor atual e eis que em um lampejo vejo escrito: "SÃO IMORTAIS". Claro! Imortal somente Deus e Deus remete ao "temor a Deus". Taí uma coisa de que nunca consegui me livrar, do  terrível temor a Deus. É Ele que me aflige. Toda angustia profunda tem uma explicação...
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