Por Laércio Sábato
Há um clima de apreensão no ar, na Argentina, não há como negar. A economia dá mostras constantes de incerteza, bastando lembrar que o dólar paralelo se aproxima de 9,5 por um, em relação ao peso.
Movimentos sociais têm sido frequentes, em razão do alto índice de desemprego e da desvalorização salarial, provocada pela inflação.
A isto se somam coisas sem pé nem cabeça como a instituição de um ano para cá do “dia dos hinchas do Boca” torcedores que vandalizaram o centro da cidade, no meio da semana.
Mesmo no microcosmo do turfe, que aqui não é tão micro assim, as cabeças andam baixas, por conta dos vários casos de contraprovas positivas no uso de medicamentos proibidos. Alienação patrimonial, como tem mostrado nosso El Aragones em relação a San Isidro também não tem sido novidade. E pela primeira vez percebi até um disfarçado questionamento da hegemonia de pilotos “estrangeiros”, tais como Ricardinho, Falero e Talaverano, ainda que façam parte da história gloriosa do turfe argentino dos últimos anos.
Para completar o pano de fundo pouco animador, não há um só catedrático que ouse prognosticar com muita convicção o ganhador do Pellegrini. Ou seja, não há um ídolo, um nome a ser vangloriado por antecipação. Um chamariz para o publico.
Entre os cavalos locais as maiores esperanças estão em cima da recuperação de Blood Money que vinha pintando ser craque, mas fracassou no Derby de forma contundente e Cooptado, o ganhador dessa última prova e que acumula três vitórias em apenas seis apresentações. A diminuta representação estrangeira, com dois participantes do turfe peruano e dois do turfe brasileiro, não tem despertado muita preocupação para a crônica de turfe aqui da Argentina. O consenso é de que os peruanos, um invicto e outro quase invicto, têm sido beneficiados pela ausência de melhores valores nas provas que participaram. Dos brasileiros, as maiores esperanças estão mesmo na valente Generosidade, por conta do ritmo veloz que deve acontecer na primeira parte da prova e na experiência já acumulada pelo piloto Nelito Cunha.
Para a milha do Anchorena, há quase unanimidade que a disputa se restringirá aos números 1 e 2, Dont Worry e Infiltrada, com remotas possibilidades que o potro Tantos Anos (11) possa desmanchar a dupla. Maltes entra cotado como simples azar, mais ainda depois de sua tardia chegada a San Isidro.
No Unzue, como de hábito numeroso, tenho uma “fija” de que Exchangely, é um autentico filé com fritas. Vou debruçar nessa aposta para ver se custeio uma parte da viagem (deve pagar uns 3,00).
Pouco me informei sobre a Copa de Plata, onde por mera simpatia escolhi a Juhayna, do La Providencia, cuja montaria está confiada a Altair Domingos. Gateaux, uruguaia do Phillipson estava muito bonita quando a vi na cocheira, com o Nelson, segundo-gerente. A inscrição foi feita em nome do J.S.Souza, mas quem veio mesmo foi E.Sampaio.
Para fechar este breve texto, feito numa lan-house da enorme Av. Santa Fé, quero lembrar que as adversidades citadas no preâmbulo, não diminuem em nada a felicidade de estar por aqui, encontrando velhos amigos e conquistando outros, no ambiente das carreiras. Vir ao Pellegrini e a San Isidro é respirar o oxigênio que perpetua o turfe, apesar dos obstáculos. Buenos Aires é mesmo a Meca do turfe sulamericano. E se não bastassem os cavalinhos, ainda podemos frequentar seus charmosos bares, cafés e restaurantes.
Como sempre brilhante o texto do meu amigo Laércio Sábato. Captou magistralmente essa dicotomia que é viver em Buenos Aires, claro se você pode frequentar os ótimos bares e restaurantes locais e, ainda por cima com amigos . Estamos na torcida pelas pules.
ResponderExcluirGrande Láercio ,boa estadia e sorte nos cavalinhos.
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