Há 40 anos, em plena guerra fria, o americano Bobby Fischer
recusou-se a defender seu título contra o garoto prodígio soviético,
Anatoly Karpov. Não só perdeu o campeonato como entrou numa espiral de demência que o tirou para sempre dos tabuleiros.
Fischer, que havia conseguido seu título em 1972 enfrentando e
vencendo o soviético Boris Spassky, foi o primeiro campeão mundial
americano de xadrez. Sua última partida contra Spassky foi considerada
genial, já que jogando com as pretas adotou uma variante da defesa
siciliana que jamais havia usado antes.
Em 1974 Anatoly Karpov, aos 22 anos, ganhou o direito de desafiar a americano após ter derrotado a Victor Korchnoi.
Entretanto, pouco antes das partidas decisivas, o vice presidente
da Federação Internacional de Xadrez, Fred Cramer, propôs que se jogasse
até 10 vitórias para qualquer um dos competidores, sem levar em conta
os empates. E agregou que, em caso de empate em 9 o campeão atual seria
declarado vencedor. Imediatamente vozes se levantaram contra essa regra
argumentando que, com ela, Karpov necessitaria de 10 vitórias, mas
Fischer apenas 9. Após muita discussão, por 35 votos contra 32, essa
nova regra foi recusada em um referendo na Holanda, em 1975. E aí veio o
impensável, o americano desistiu de disputar a final e Karpov foi
declarado campeão.
Mas o que terá acontecido ? Irritou-se com a regra que não foi
aceita? Temor de enfrentar Karpov? Falta de preparo adequado? Ou
simplesmente enlouqueceu? Não se tem uma resposta exata até hoje, mas a
verdade é que o americano sumiu. Reapareceu 6 anos depois, preso em
Pasadena, Califórnia, confundido com um ladrão.
Enquanto Karpov defendia seu título contra Korchnoi e, nos anos 80
contra Garry Kasparov, Fischer lutava contra sua loucura. Em 1992
voltou a jogar uma série de partidas contra Spassky, na Iugoslávia,
destroçada por uma guerra civil, o que lhe valeu uma ordem de captura e a
perda de seu passaporte americano. Vagando pelo mundo foi viver nas
Filipinas onde dava declarações anti semitas e anti americanas. Preso no
Japão em 2004, a Islândia dele apiedou-se e ofereceu-lhe cidadania e lá
morreu em 2008, aos 64 anos.
Se Robert Aldrich filmasse sua vida poderia ter trocado o célebre "
O que aconteceu a Baby Jane"? por " O que teria acontecido a Bobby
Fischer"?
Vejam o filme de Tobey Maguire, chamado de "Pawn Sacrifice" (2015) sobre este grande enxadrista e fim de vida lamentável.
ResponderExcluirO link para ver o filme com legenda em portugês:
ResponderExcluirhttp://www.filmesonlinegratis.net/assistir-pawn-sacrifice-legendado-online.html
Temos que valorizar a carreira de Bobby, fez mais pelo xadrez do que qualquer outro americano na história. Essa questão de loucura foi uma sequela dos anos em dedicação ao jogo. O xadrez é muito complexo, ele já não era normal, ai complicou.
ResponderExcluir"ele fez tudo sozinho. Penetrou nos segredos do xadrez naquele apartamento no Brooklin". Essa frase dita no documentário dele já diz tudo