Na primeira página de "O Livro Dos Seres Imaginários", seu autor diz que o imaginam com cabeça de cavalo, cauda de serpente, grandes asas laterais e quatro garras, cada uma dotada de quatro unhas. E prosseguem as semelhanças: cornos de cervo, cabeça de camelo, olhos de demônio, pescoço de serpente, ventre de molusco e mais algumas... Por fim, diz que é comum representá-lo com uma pérola, que pende de seu pescoço e é o emblema do sol. Todo o seu poder, a exemplo dos cabelos de Sansão, provém dela. É inofensivo se despojado da mesma.
Da minha parte, o arquetipo do Dragão foi construido todo ele na infância. Filmes o mostravam quase sempre com a aparência que trazia uma pretensa ferocidade, mas que, com o decorrer da película,davam lugar a atitudes nobres e coração bondoso. O seu fogo era somente para os maus.
Agora, em uma maturidade que já beira a velhice, o Dragão, este ser cambiante, volta a frequentar meus pensamentos, mais precisamente meus sonhos. São pesadelos terríveis, o bicho me oprime, me ameaça, todo bom jogador de xadrez sabe que "a ameaça é pior do que a execução".
Procuro novamente em Borges, agora no fim do seu relato, algo que me dê pistas sobre meu pavor atual e eis que em um lampejo vejo escrito: "SÃO IMORTAIS". Claro! Imortal somente Deus e Deus remete ao "temor a Deus". Taí uma coisa de que nunca consegui me livrar, do terrível temor a Deus. É Ele que me aflige. Toda angustia profunda tem uma explicação...
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