Parem de brigar, crianças

Faz muito tempo que há uma queda de braço (eufemismo para guerra) entre a atual diretoria do JCB (leia-se Presidente Lecca) e o site Raia Leve (leia-se Associação Carioca dos Proprietários do Cavalo Puro-Sangue Inglês). Portanto, aparentemente, uma batalha regional. Porém, dada a importância das duas instituições e principalmente, dado ao longo tempo em que perdura, esta "guerra" foi tecendo seus tentáculos, aglutinando forças, aqui e acolá, e o resultado é o caos começando a imperar de forma mais global.
Pela total inabilidade em negociar de seu presidente, o JCB acabou ganhando mais um inimigo, a Associação dos Profissionais de Turfe do Rio de Janeiro. Em  assuntos vitais (saúde, moradia) é preciso um mínimo jogo de cintura para se discutir e tomar medidas. Não importa se as premissas estão corretas (e de fato estão), ou seja, dizer que os planos ficaram muito caros e que Vilas Hípicas não são lugares de moradia para treinadores. Em algum lugar do passado, outras diretorias deram esses benefícios aos profissionais e é lídimo que a categoria lute pelo direito de continuar os tendo. Talvez o fato de uma associação ter aberto os braços para a outra, tenha irritado o presidente, mas este tem de ter o discernimento de perceber que profissional que trabalha no Jockey, não pode em hipótese alguma ser inimigo, já basta ter uma parcela de proprietários como tal.
Um ponto importante, que talvez poucos tenham percebido: a sanha pessoal de Luiz Eduardo da Costa Carvalho X Luiz Fernando Dannemann é uma das principais causas deste cenário catastrófico que se abateu sobre o turfe carioca. A campanha anti-Lecca, que diuturnamente foi feita no Raia Leve teve seus resultados: um bateu em quem viu, o outro se defendeu de quem viu e de quem não viu. Resultado: perde o turfe (já perdeu, mais ou menos, depende de quanto tempo tivermos de paralisação, em proporções gigantescas, se se estender mais do que a semana prevista, e perdem os profissionais (elo mais fraco desta corrente),  que dependem das corridas para tirar sua sobrevivência.
Um último assunto: o posicionamento do Presidente Eduardo Rocha Azevedo na questão, em entrevista ao site do JCB.
Dois recados foram dados, um claro e outro nem tanto, a saber:

1- Mostrou que o JCSP apoia a gestão do JCB e consequentemente está do lado do mesmo no imbróglio com o Raia Leve.
2- Avisou, mesmo que por linhas tortas, que não tolerará nenhuma greve em São Paulo ( O JCSP enfrenta problema semelhante com os comodatários de cocheiras, que ainda têm uma visão retrógrada de cocheiras. No passado, cocheiras em Cidade Jardim eram um investimento, mas isto mudou com a diminuição do número de animais alojados na Vila Hípica. Existe um movimento de alguns proprietários e treinadores, pensando até em ir à Justiça para deixar de pagar  taxa de condomínio).

Pondero também com dois argumentos em relação ao teor da entrevista:

1) A paralisação não é sequer injusta, o que dirá ridícula, termo inapropriado para designar a mesma.
2) Me parece que os profissionais do Rio serviram de "ponte" para atingir os propósitos pretendidos. Eu preferiria a via direta: "Raia Leve para de aporrinhar", por exemplo.

Em tempos de "Astros" e "Profecias" não preciso ser nenhum charlatão para prever futuro negro para a atividade no Brasil, o desentendimento é a palavra de ordem.