Por Olavo Rosa Fº
Muito se tem falado do êxodo de jóqueis brasileiros, com muito
sucesso, conforme matéria do nosso colega Lefèvre, mais de
vinte, em especial J.Ricardo (2° do mundo em numero de vitórias),
A.Domingos e F.Leandro (Argentina), S.Souza(Reino Unido)
T.J.Pereira(vencedor em Dubai), E.Rosa(Canadá), M.Nunes e
F.Durso(Macau), L.Rocha(EUA) e o excepcional J.Moreira, hoje em
Hong Kong. A razão está no fator econômico e o declínio do turfe
brasileiro, me disse um dia o Massoli, antigamente eu ganhava um
GP, dava para comprar uma casa, hoje ganha-se um páreo e não
dá pra comprar uma bota de trabalho. No passado era o inverso,
jóqueis da América do Sul e alguns até da Europa vinham para cá,
senão vejamos. Em S.Paulo, ainda na Mooca vieram:
G.Greme (GP São Paulo com Pons) J.Canales(GP Inaugural Cid.
Jardim com Bagual), C.Fernandez (GP São Paulo com Algarve e
Sargento), argentinos Charles Gray (GP São Paulo com Aprompto)
inglês, F.Biernascky (GP São Paulo com Flutter e Timely) polonês,
ainda tivemos o E.Le Mener, francês, pai do nosso conhecido
E.LeMenerFo. Já em Cidade Jardim tivemos o E.Garcia, único
ganhador do Derby com Faaimbé e o S.Paulo com Zonzo, no
mesmo ano, em 1950, argentino.
Todavia, a grande influência e brilhantismo veio da escola
chilena, talvez o Marcio "Almirante", que vive no Chile ou o Aron
Correa, que é um estudioso, possam me explicar o porquê
dos chilenos terem aquele estilo tão bonito, de estribo curto,
bem antes dos americanos e australianos. O fato é que eles
começaram chegar aqui na década de 20, principalmente J.Salfate
(ganhou o GP São Paulo com Éden e Santarém) A.Molina (GP São
Paulo com Printer e GP Brasil com Polux) além de tríplice coroado
com El Faro e o Luis Gonzalez. Esse merece destaque, ganhou o
S.Paulo com Formasterus e o Brasil com Albatroz, mas é o maior
ganhador de estatísticas até hoje(claro tirando o Barroso) dono
de um estilo milimétrico, dizem contava o numero de galopes para
chegar no disco, quase não batia no cavalo, chamado de Mestre,
foi professor da escola nos últimos tempos.
Na Gávea tivemos o J.Zuniga, ganhou o Brasil com Six Avril e
Albatroz, no seu caminho veio atrás o O.Ulloa, ganhou o Brasil
com Helíaco, ganhou várias estatísticas na Gávea e , na minha
opinião, influenciou, assim como o Gonzalez, várias gerações de
bridões brasileiros, um verdadeiro atleta, vinha e voltava correndo
de sua casa ao hipódromo todo dia. Devido ao grande sucesso
de Zuniga e Ulloa, vieram E.Castillo, LDiaz (GP Brasil com Pontet
Canet), J.Marchant (GP São Paulo com Qüiproquó) e F.Yrigoyen,
esse jóquei do Stud Seabra, ganhou todos os páreos importantes
no Brasil com Dulce, Sing Sing, Emerson, Lausanne, culminando
com duas vitórias retumbantes de Escorial em San Isidro,
Pellegrini e 150° Centenário.
Em S.Paulo, 1945 chegou o Rene Zamudio, e no mesmo ano já
venceu as estatísticas , chamado Sapo, pela sua posição, muito
forte, de pequena estatura. Depois vieram jóqueis excelentes
como R.Olguin, especialista em correr cavalo de ponta, pai do
J.R.Olguin e do M.Olguin, avô da nossa companheira Beth Salles,
teve um acidente numa noturna e acabou falecendo, Rene Latorre,
dono de uma posição muito bonita, pai do M.Latorre, Ramon
Pacheco, faleceu muito moço, vítima de infarte, e Luis Osório.
Mais recentemente, anos 60 e 70 chegaram os dois últimos ases
das rédeas vindos do Chile: Enrique Araya, campeão no Chile,
montou desde os 12 anos, veio para o Brasil montar Trenzado
em 66, impressionou tanto, que foi contratado pela família Paula
Machado e aqui permaneceu até hoje, pai do Nestor Araya, meu
amigo. Seu estilo nunca foi igualado, um movimento de pernas e
braços que fazia até matungo correr, um fenômeno.
Finalmente tivemos o G.Menezes, veio inicialmente para o Rio,
ficou por lá um bom tempo montando para os Paula Machado,
também, aí teve uma proposta do Haras Inshalla e veio para
S.Paulo, onde ganhou o GP S.Paulo com Tibetano e As de Pique,
permanece como comissário de corridas até hoje, o ultimo grande
jóquei chileno a emigrar para o Brasil.
Finalizando, rendo minhas homenagens a todos estes
grandes jóqueis pela sua excelência, os jóqueis brasileiros, com
predominância de freio, tiveram uma grande influencia deles e
isso tem passado de geração em geração, cumprimento seus
descendentes, podem ter orgulho deles, escreveram seus nomes
em cada centímetro das nossas raias e deixaram seguidores até
hoje.
Caro Olavinho, grande matéria. Aproveitando o seu gancho transcrevo matéria do saudoso Heitor de Lima e Silva, o maior cronista de turfe do Rio, sobre jóqueis do passado, publicado em sua coluna "Histórias e Estórias", na revista JCB, na década de 80.
ResponderExcluirALBERTO FEIJÓ veio do sul com seus irmãos Oswaldo e Gonçalino. Campeão em Moinho de Ventos, ele teve grande sucesso no Rio. Ganhou, inclusive, a estatística (talvez de 1932). Com problemas pulmonares, montava pouco e também durou pouco. Bom largador e com ótimo percurso, foi excelente freio.
OSWALDO FEIJÓ, irmão do Alberto, chegou a montar no Derby. Também fraco do pulmão. Na profissão de treinador era insuperável, usando sua grande intuição. Deu show com o craque Latero, ganhando o Brasil e o São Paulo. Manteve Quiprocó, que ele chamava “Piprocó”, em forma durante quatro anos, apesar de o tordilho ter diarreia crônica. Pode ser colocado entre os cinco melhores treinadores do Rio de todos os tempos.
GABINO RODRIGUES, uruguaio, morreu além dos 70, sem falar português. Teve grande destaque na época do Dr. Buarque de Macedo. Garbosa Bruleur foi seu grande trunfo. Casado com dona Olívia, ela representava mais do que um segundo gerente para ele. Fazia tudo. Foi um bom treinador tão somente.
REDUZINO DE FREITAS foi melhor como jóquei do que como treinador. Formou uma dupla com Oswaldo Feijó que se entendia por música. Ganhou corridas memoráveis montando para o Stud Muniz de Aragão, inclusive com o tríplice coroado Talvez. Era gaúcho.
FLÁVIO MENDES, paranaense, era jóquei de alta categoria, montando até de 47 quilos. Fez uma temporada de sucesso em Buenos Aires e foi o criador da “cozinhada”, com Celestino Gomes, para quem montava. Morreu trabalhando uma potranca, sem capacete, no escuro, no Hipódromo de Guabirotuba, em Curitiba. Posição perfeita em cima do cavalo.
JOSÉ SALFATE, bridão chileno, montava pesado. Considerado o melhor piloto de seu país, veio contratado pelo Dr. Linneu. Liderou estatística, obteve vitórias memoráveis com Zaga, Myrthée, Bosphore e Young, entre outros. Energia extraordinária.
JULIO CANALES foi outro chileno contratado pelo Dr. Linneu. Era segunda monta, mas muitas vezes ia para frente e ganhava. Bom jóquei, espírito alegre e carioca. Campeão de bilhar. Também pilotava os cavalos do cantor Francisco Alves, inclusive Salmon, o melhor de todos.
ANDRÈS MOLINA, contratado pelo Haras São José, foi mais um chileno. Alguns o consideravam melhor do que Salfate. Pequenino, ficava escondido em cima dos animais. Nos últimos anos, era o principal professor dos jóqueis de São Paulo. Morreu em 1982. Na época dos cassinos, era figura popular na Urca e no Atlântico. Gostava de uma campista. Era perdedor.
DOMINGOS SUAREZ, URUGUAIO, também morreu em 1982 e sem falar português. Seu apelido era “Cabito”. Ganhou todos os grandes prêmios do Derby e do Jockey, menos o Brasil. Tirou segundo com Belford, para Mossoró, em 1933. Morreu só, sem amigos ou parentes, numa casa de repouso, em Bonsucesso, na mais completa miséria. Seis meses antes, visitamos Cabito com o jóquei Atahualpa Brito. Não abria mais os olhos, mas reconheceu nossa voz. A acompanhante nos indagou se ele fora mesmo tão famoso quanto dizia. Logo depois da fusão, ganhou com Conjurado uma famosa corrida de 3.200 metros.
segue..
KALMAN PUPO VITZ era romeno. Desajeitado em cima dos cavalos, ganhava sempre com rateios altos. Contam que, certa tarde, depois de meio ano sem ganhar, vinha na frente com o tordilho Kerensky, quando surgiu o Salfate atropelando com o favorito. E ele começou a gritar e chorar: “Já perdi, Salfate. Você é melhor do que eu. Não ganho há um ano. Pode me ganhar”. E seguiu chorando até cruzar o disco, com pescoço na frente do outro. Era figura querida entre os colegas. Salfate não quis ganhar.
ResponderExcluirAMÉRICO AZEVEDO - já o conhecemos com muita idade. Era chamado de Tio Américo. Pequenino, nervoso, era um treinador de mão cheia. Tirou a matriculo do Levy Ferreira, que o considerava um mestre.
GABRIEL REIS, outro tio, ser humano excelente e muito respeitado pelos colegas. Honesto e sério ganhou bonitas corridas no Derby e no Jockey. Dizem que foi jóquei, mas nunca conseguimos confirmar.
MANOEL RAPHAEL apareceu por aqui com a égua baiana Canace. Foi treinador oficial de Dona Inah de Moraes. Cuidou, entre outros, de Typhon, Defiant e Lord. Tinha um “chocolate” famoso: um pouco de arsênico, cola, ovomaltine e um pó misterioso que era seu carro-chefe Também profissional muito querido.
Grande abraço,