O nosso (traduzido)
Amamos o que não conhecemos, o já perdido.
O bairro que já foi arredores
Os antigos que não nos decepcionaram mais
porque são mito e esplendor.
Os seis volumes de Schopenhauer que jamais terminamos de ler.
A saudade, não a leitura, da segunda parte do Quixote.
O oriente que, na verdade, não existe para o afegão, o persa ou o tártaro.
Os mais velhos com quem não conseguiríamos
conversar durante um quarto de hora.
As mutantes formas da memória, que está feita do esquecido.
Os idiomas que mal deciframos.
Um ou outro verso latino ou saxão que não é mais do que um hábito.
Os amigos que não podem faltar porque já morreram.
O ilimitado nome de Shakespeare.
A mulher que está a nosso lado e que é tão diversa.
O xadrez e a álgebra, que não sei.
Lo nuestro (no original)
Amamos lo que no conocemos, lo ya perdido.
El barrio que fue las orillas.
Los antiguos, que ya no pueden defraudarnos, porque son mito y esplendor.
Los seis volúmenes de Schopenhauer, que no acabaremos de leer.
El recuerdo, no la lectura, de la segunda parte del Quijote.
El oriente, que sin duda no existe para el afghano, el persa o el tártaro.
Nuestros mayores, con los que no podríamos conversar durante un cuarto de hora.
Las cambiantes formas de la memoria, que está hecha de olvido.
Los idiomas que apenas desciframos.
Algún verso latino o sajón, que no es otra cosa que un hábito.
Los amigos que no pueden faltarnos, porque se han muerto.
El ilimitado nombre de Shakespeare.
La mujer que está a nuestro lado y que es tan distinta.
El ajedrez y el álgebra, que no sé.
A poesia, assim como o próprio turfe, precisa recuperar o seu espaço. Dependendo do que diz, ela cabe em todo lugar: Dentre as que escrevi, há uma em que tive por musa a moça de uma agência do Jockey. Chama-se A CRIAÇÃO DA MULHER e, mais por méritos de quem a inspirou do que meu, foi considerada, entre 53.000 obras, uma das 130 mais bonitas de 2010, na avaliação da Câmara Brasileira dos Jovens Poetas. Ei-la:
ResponderExcluirA CRIAÇÃO DA MULHER
A NATUREZA, AO ACORDAR UM DIA,
BEM CEDO AINDA, OLHOU PELA JANELA,
E TEVE A IDEIA DE FAZER POESIA
SOBRE AS BELEZAS TODAS QUE SÃO DELA.
OLHANDO ROSAS, CRAVOS, MARGARIDAS,
EMOCIONOU-SE TANTO QUE CHOROU...
E DEUS, ENTÃO, DAS LÁGRIMAS CAÍDAS,
FEZ O ORVALHO E A PRESENTEOU.
LISONJEADA E GRATA AO CRIADOR,
QUE DELA PRÓPRIA FEZ SUA OBRA-PRIMA,
INCANDESCEU-SE ELA E DESSE ARDOR
BROTARAM CADA VERSO E CADA RIMA.
CHEGADA A NOITE, A ESTROFE DERRADEIRA
SE FEZ DE MAR, DE LUA E DE ESTRELA;
NO POEMA ESTAVA A NATUREZA INTEIRA;
BASTAVA OLHAR ALI, ENTÃO, PRA VÊ-LA.
MAS, POR LEMBRAR QUE SE TORNARA O MUNDO
INÓSPITO À POESIA, ERA MISTER
DISSIMULÁ-LA, E EM MENOS DE UM SEGUNDO
O POEMA TRANSFORMOU-SE...EM MULHER!
autoria registrada
Este poema foi considerado, entre 53 mil obras, um dos 130 mais bonitos de 2010 pela Câmara Brasileira dos Jovens Poetas
A ilustração (que não está aqui) é um desenho que fiz de uma amiga – Claudia Basílio (Agência Cambuci) – a quem considero coautora deste poema, porque dela são todas as rimas, tendo a mim cabido apenas descobrir onde estava, dissimulado, o poema...
O vídeo está no You Tube:
http://www.youtube.com/watch?v=3BRfzcFU5Uk
Autoria registrada
Joel Ribeiro do Prado - joelprado@columbiamarcas.com.br
Parabéns, Joe. Coloco poesia e música em certas postagens só para não deixar o blog muito duro. As duas artes têm o dom de nos cativar.
ResponderExcluirO Aron, primeiro, obrigado! Aconteceu alguma coisa que eu não sei explicar. Ao colocar o meu poema como comentário, após ler o do Jorge Luis Borges, eu, esperei alguns minutos e foi verificar se estava publicado. Na coluna da esquerda do seu blog, cliquei no meu nome e o que se abriu foi uma tela minha no Google, onde estão coisas que eu nem tive a intenção de exibir no seu blog. Foi alguma barberagem minha. Se quiser e puder tirar, tire. Me desculpe! Não foi intencional
ResponderExcluirMas eu gostei do que vem abaixo do poema, inclusive com o vídeo que eu vi. É sempre mais legal quando o autor declama. Não sei se é sobre isso que você se refere. Se não for, fique tranquilo que não apareceu mais nada.
ResponderExcluirEu fiquei preocupado com o que aconteceu, pois me vi de carona num espaço que é seu e que deveria ser usado com moderação por mim. Mas, enfim, eu tento resgatar o espaço que a verdadeira poesia foi perdendo para uma linguagem atrofiada que não serve para que um ser humano se perceba dotado de uma alma à qual deve entregar a condução da sua porção animal, o seu corpo; esse equipamento feito para uso terreno e, hoje em dia, mais visto sem freios, a trombar por onde passa. Eu aproveito todas as oportunidades pra falar uma poesia minha. Fiz isto em mercado do Rio e de São Paulo, no salão de requerimento de passaporte da polícia federal, na Lapa, em lojas - me deram até desconto(!), num elevador (ganhei um beijo de uma desconhecida), num ônibus do Rio. Aí vai o link pra SEM RAIS,SEM MEMÓRIA, que virou música e foi gravada há pouco, ao vivo, num show do Marcos Assumpção lá na Europa. O dvd deverá ser lançado por aqui em meados de 2014:
ResponderExcluirhttp://www.youtube.com/watch?v=vzhgr_WM_WM&feature=youtu.be.
Então, se posso, coloco aqui uma que fiz pra Mesa do Turfe - é um acróstico com o nome JAIR BALLA:
Já no seu nome estão bem sugeridas
As emoções que dão ao turfe a flama.
Impele-o o amor pelas corridas
Riscadas sobre a areia e sobre a grama.
Buscando trabalhar sempre coesa,
A equipe da verdade traz o selo;
Louve-se-a, pois, por nos servir à mesa,
Limada e após passada no seu prelo (*)
A orientação que quem aposta preza
Joel Ribeiro do Prado
12/10/11
(*) Prelo = prensa – no caso da Mesa do Turfe, é onde as informações são sintetizadas para caber no tempo do programa.
Onde, acima, esta RAIS, é RAIZ.
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