Para quem estiver indo esta semana a Europa, não deixe de passar na Suíça para ver o White Turf, o festival do cavalo de corridas. Matéria extraída da Globo.com .
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Corrida de 2 mil metros encerra competição no último domingo
O White Turf não é prestigiado apenas pelos aficionados por cavalos: turistas e curiosos em geral são atraídos por esta competição emocionante e emoldurada por um cenário nevado. Cada prova é rotulada com a marca que dá apoio ao evento. Nos casos dos Grand Prix, figuram empresas como a BMW, Piaget e o banco Credit Suisse. Muitos dos competidores — um pout-porri de jóqueis, charretes e centenas de animais, oriundos de toda a Europa — participam deste evento com regularidade há anos. Como atrativo, são oferecidos importantes prêmios em dinheiro.
E, como em qualquer hipódromo, os espectadores são incentivados a apostar. Tanto é que o ingresso (a partir de 20 francos suíços) inclui um tíquete no valor de 2 francos suíços para poder tentar a sorte em todas as competições. E já que as premiações variam entre 10 mil e 120 mil francos suíços... porque não arriscar?
O White Turf conta com três modalidades de provas: a corrida de turfe propriamente dita, com um percurso de 2 mil metros, no estilo convencional, na qual uma dezena de nações competem pela maior premiação da temporada, a de 120 mil francos suíços. Esta competição sempre é realizada no último domingo do evento.
Em seguida, há a Trabrennen, uma corrida de 1.900 metros com os levíssimos trenós puxados pelo cavalo trotteur (trotador). Nesta, cada jóquei fica acomodado num pequeno assento e encontra o seu equilíbrio apoiando os pés nos estribos da estrutura. O cavalo trotador, em geral da raça selle français (sela francesa), entra em fase de treinamento já adulto e participa exclusivamente deste tipo de prova.
Mas o que todos aguardam ansiosos, a cada tarde de domingo, é o ponto culminante de todo o White Turf: a prova de skikjöring, um tipo de competição em que os jóqueis são esquiadores puxados por cavalos, que podem atingir uma velocidade de até 50 km/h durante a disputa.
Embora pareça uma brincadeira de criança, o skikjöring requer dos competidores não apenas habilidade e competência, como muita coragem. Principalmente no momento da largada e durante a primeira curva do circuito, quando todos os esquiadores se acotovelam, para obter uma posição mais vantajosa. Qualquer descuido resulta numa queda no meio da tropa e, no pior dos casos, o cavalo que vem atrás pode até causar um acidente fatal.
Altamente conceituada no meio equestre, esta prova conta com 12 esquiadores que devem percorrer um traçado de 2.700 metros em pouco menos de 10 minutos. A primeira competição de skikjöring foi realizada em 1906, com a participação de 13 cidadãos engadinenses. Reunidos na Postplatz de St. Moritz, eles disputaram uma corrida de ida e volta até Champfér, cobrindo uma distância de dez quilômetros.
Puxado pelo seu alazão irlandês, venceu Philip Mark, o chefe da polícia local, com exatos 20 minutos e 22 segundos. Esta corrida, que une o cavalo ao exímio esquiador, foi a precursora para as futuras competições nesta estação de inverno, que viria a sediar os Jogos Olímpicos de 1928 e 1948.
Ao contrário do trotador, o cavalo utilizado na prática de skikjöring não é obrigatoriamente um puro-sangue, e só treina para a prova durante os meses de inverno. Por incrível que pareça, basta pouco tempo para adestrar um animal nesta modalidade esportiva. E, ainda por cima, um mesmo cavalo pode ser usado para disputar uma corrida de 2.000 metros e ainda participar no skikjöring.
Desde que adequadamente ferrado, nenhum animal precisa de experiência prévia para pisar numa pista de neve. Para evitar que a neve se acumule sob os cascos, o que poderia causar um tombo indesejável, colocam uma borracha chamada de “hurf-grip”, presa entre a ferradura e o casco, no momento em que ele está sendo ferrado.
Uma vez eliminado este primeiro problema, para evitar que o cavalo deslize no solo escorregadio ou derrape em alta velocidade no meio da curva, são usados uma série de cravos especiais, de tamanhos e formatos diversos, cada qual cumprindo uma função específica para fazer com que o animal tenha uma aderência ao solo nevado.
Para assistir, champanhe e ostras O hipódromo abre suas “portas” em torno do meio-dia. Muita gente chega a pé, pois o lago fica pertinho do centro de St. Moritz e dos principais hotéis. Quem vem de carro precisa estacionar, mas tudo é muito bem organizado, à maneira suíça. Praticamente não existe fila para comprar ingresso, e o divertido é ficar perambulando no recinto, curtindo o ambiente festivo que toma conta do evento.
São centenas de pessoas, entre espectadores e jóqueis, donos de cavalos e treinadores, jornalistas e visitantes, crianças com seus bichinhos de estimação, que circulam durante horas, de um lado para outro. A maioria está camuflada sob gorros, cachecóis e roupas felpudas. Em determinado momento, todo mundo se aboleta nas arquibancadas para assistir à prova, ou se acotovela próximo às barras de segurança.
Quando termina uma prova, a festa continua no perímetro do hipódromo, ornamentado por simpáticas barraquinhas e showrooms montados sob tendas brancas, no meio do qual borbulha um pequeno — porém seletivo — comércio, verdadeira quermesse de produtos suíços. Dá para encontrar desde relógios a roupas de esqui. Até a gastronomia está, digamos assim, à altura da sofisticação deste evento: você pode tomar uma taça de Möet & Chandon e até degustar ostras frescas (em copo e prato de plástico, mas quem é que vai ligar para isso, quando o contexto é tão deslumbrante?).
Além disso, são oferecidas porções de raclette (queijo derretido) acompanhadas do tradicional vinho branco fendant; ou um prato de risoto, e muitas outras iguarias regionais. Entre uma prova e outra, os espectadores aproveitam para domar o frio tomando um vin chaud (vinho quente) ou comer um cachorro quente. Nada é muito barato, mas como resistir? E — como em qualquer outro hipódromo do mundo — dá para tentar resgatar os excessos apostando... A sorte pode bater, até mesmo em temperaturas abaixo de zero.
COMO CHEGAR: De carro ou trem: St. Moritz está a 200 km de Zurique. Acessível por autoestrada, recomenda-se utilizar o trem como apoio para chegar à estação, durante o de inverno. Embarca-se com o automóvel em Thusis ou Klosters.
ONDE FICAR:
Kempinski Grand Hotel des Bains St.Moritz: Cinco estrelas próximo ao lago onde é montado o hipódromo. Via Mezdi 27. Tel. 41 (81) 838-3838. www.kempinski-stmoritz.ch
Suvretta House: Embora a 2km do Centro, é uma opção perfeita para combinar o esporte com relaxamento. Via Chasellas 1. Tel. 41(81) 836-3636. www.lhw.com/suvretta
Badrutt´s Palace Hotel: Da Leading Hotels of the World, acaba de ser reformado.Via Serlas 27. Tel. 41 (81) 837-1000. www.badruttspalace.com
ONDE COMER:
Chesa Veglia: Ambientes distintos compartilham um chalé cuja construção data de 1658: uma pizzaria, um restaurante para fondue e outros pratos regionais, um bar com boate e o Chafado Grill (gastronomia francesa). De tudo para todos os gostos com serviço impecável. Via Serlas 27. Tel. 41 (81) 837-2670.
Jöhri’s Talvo: Casa de 350 anos, oferece fusão de receitas austríacas, suíças e alemãs. Via Gunels 15. Tel. 41 (81) 833-4455
MAIS INFORMAÇÕES:
Na internet: www.whiteturf.ch e www.ticketcorner.ch
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