20 fevereiro 2011

Cidade Jardim continua na UTI





 Por Laércio Sábato


Está cada dia mais difícil tapar o sol com a peneira. O movimento de apostas em Cidade Jardim continua na terapia intensiva. Ontem beirou novamente os 400 mil. Eram 10 páreos, incluindo duas provas de grupo e bolo e betting com altas garantias. Em contrapartida, o público paulista apostou, no programa da Gávea, 279 mil, o que representa 68,4% do apostado aqui. Se levarmos em conta que boa parte dos turfistas de São Paulo já estão cadastrados no JCB (apostam direto), dá para inferir que o paulista assimilou in totum o estado da arte do turfe carioca, coisa inimaginável anos atrás.

Alguns dirão que isso não importa. Afinal essas apostas passam pela caixa registradora daqui. Mas não falta quem preconize que pelo andar da carruagem nos tornaremos um centro de treinamento do Rio e um mero betting point do clube co-irmão.

Algo precisa ser feito com urgência. A verdade é que o turfista não tem o que apostar. Boa parte dos páreos desfalcados de hoje em dia, aparece com aquele tipo de favorito que não compensa ir a favor e não dá para apostar contra. Fica difícil, portanto, entrar no páreo-a páreo. As apostas especiais também têm problemas com os páreos vazios. Ontem o pick 3 inicial saiu favorecido com dois favoritões vingando (1,00 e 1,30) e o resultado final foi pífio. É preciso entender que essas modalidades de apostas já não têm a atratividade de outrora. Não adianta a equipe encarregada da transmissão ficar repetindo frases do tipo “começa o pick 3”, “não deixe de apostar no pick 3”, “você tem menos de um minuto para apostar no pick 3” (vale para outros tipos de aposta), se o turfista não estiver motivado para essa modalidade. É só pensar o seguinte: um apostador vai jogar R$ 10,00 indicando um cavalo seco no primeiro páreo, um outro seco no segundo e só depois poderá fechar em páreo à sua escolha. Vamos supor que seja outro animal cravado (para facilitar o exemplo). Acertando, receberá um benefício de 100%,. Se os três animais pagarem 2 por 1, receberá R$ 160,00. Se jogar R$ 13,33 (ao invés dos R$ 10,00 do suposto pick) receberá os mesmos R$ 160,00 (com os mesmo rateios), escolhendo os três páreos ao seu bel prazer. Poderá pelo menos fugir daquele treinador, jóquei ou proprietário com quem “não simpatiza muito”.

Algumas medidas podem ser tomadas de imediato:

- Expandir o aumento de prêmios concedido recentemente.

- Mudar o critério das chamadas. Abandonar o projeto de inscrições para provas comuns, passar a recensear o plantel disponível e otimizá-lo com inscrições da própria comissão sujeitas a referendum dos proprietários e treinadores.

- Flexibilizar o Plano de Apostas, instituindo o Doble e o Triplo (acumuladas de 2 ou 3 páreos com bonificação extra). Dependendo do programa formado fazer o pick com duplas e não com vencedores. Reduzir o valor unitário de apostas nos concursos para permitir o ingresso do pequeno apostador, hoje alijado.

- Examinar criteriosamente o campo dos páreos incluídos nos concursos, buscando aferir principalmente o grau de eficiência dos profissionais envolvidos (e portanto confiança do público).

- Cobrar mais amiúde explicações de profissionais sobre “fracassos” com animais muito visados (e divulgá-las). Especialmente com aqueles favoritões que “quase chegam lá”, ao invés de encaminhar para exames os que fracassam inapelavelmente.

6 comentários:

  1. Perfeito Laercio qto suas idéias, e qto aos concursos não é somente o apostador de baixo poder aquisitivo que fica fora, os que tem bala na agulha as vezes não jogam , conheço 2 ,ou melhor meus amigos que eram PARCEIROS do BOLO de Pontos(Tauras) , que deixaram de apostar essa modalidade , por dois motivos , multiplacador absurdo(uma chave decente vai sair bem alta, e as vezes pode ficar com o pés de fora)e + a retirada vergonhosa(assalto a mão armada).Abraços.

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  2. Laércio: você esqueceu de comentar sobre o betting.Antigamente era betting3 e hoje betting5. Em qualquer soma de páreos não é fácil acertar, mas, para atração do turfista que se dimunua o número de páreos e/ou o valor unitário para cair no gosto do apostador. O que é necessário - e vc aborda - é fazer o apostador ter vontade de participar e torcer.
    É isso ai.
    Forte abraço
    Miranda Neto

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  3. Por incrível que pareça o Rockwell e o Ake Rique tambem são forfaits no Latino.
    O indicado agora foi o Puro Galope do Stud Granadeiro. Aonde chegou o turfe paulista!?

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  4. Antonio Lafayette Salles20 de fevereiro de 2011 às 12:51

    Laercio,

    sua matéria reproduz com inteligencia e senso critico de quem conhece a realidade atual do turfe em Sáo Paulo. Uma verdadeira contribuiçáo!

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  5. Hoje em dia é ver o numero de bilhetes que participam no Bolo de Oito Pontos, é riduculo.Ainda bem que faltam apenas 23 Dias para ELES sairem.E se Deus quiser o Sr.Eduardo Rocha Azevedo e seus pares recolocaram o meu querido JOCKEY CLUBE DE SÂO PAULO NOS TRILHOS.

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  6. Laercio,

    com a saida do betting ontem na Gavea, dá para calcular o prejuizo do Jockey no programa de ontem?

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