03 outubro 2012

Ninguem acertou

O autor das linhas que valiam um brinde é o chileno Antonio Skarmeta, em seu "Soñe que la nieve ardia".

O estrondoso sucesso do filme O Carteiro e o Poeta (1994), de Michael Radford, ajudou a torná-lo mais conhecido, uma vez que o filme se baseia no livro Ardiente Paciencia, de sua autoria.

Gosto muito desta fusão Literatura/Cinema e o filme em questão me convenceu que é possível se fazer excelentes adaptações. Lembro que o mesmo concorreu em algumas categoria ao Oscar, dentre elas a de melhor ator (Maximo Troise faz o papel do Carteiro, o poeta em questão é o monumental Pablo Neruda interpretado pelo sempre bom Philippe Noiret). Só que era um concorrer sem a presença de Troise, que adiou uma séria cirurgia (doença congênita) que teria que fazer, isto para terminar o filme. Ele atingiu o objetivo, mas um dia depois de filmar sua última cena, morreu de fulminante ataque cardíaco.

Copio aqui  o que foi dito no  "Virtuália - Manifesto Digital" (blog de Jeocaz Lee-Meddi) sobre o ator e a sua paixão pela arte que praticava:

"Ao transportar a personagem chilena para uma ilha no sul da Itália, o filme assume uma ruptura genial com o livro em que foi baseado, assumindo uma identidade itálica transposta no rosto e nos gestos do ator Massimo Troisi. A conjunção Mario Ruoppolo-Massimo Troisi desenha uma das mais belas criações do cinema universal, revelada em uma fina tela de emoções refletidas nos olhos do ator. Se o filme é um momento de beleza que encanta, para o ator Massimo Troisi é um momento definitivo. Através da personagem, Troisi tem a maior e derradeira interpretação da sua carreira, perseverantemente lutou contra a saúde debilitada durante as gravações, vindo a falecer pouco depois de concluí-las. Personagem e ator fundem-se na vida e na morte, não sabemos onde um encerra e o outro prossegue. Troisi sabia que aquele era o momento de acertos entre a vida e a arte, ludicamente despede-se das duas, deixando impregnado a imagem do carteiro de um dos maiores poetas do século XX. Il Postino, no título original, é um momento raro de encontro entre a palavra e a imagem, na metáfora mais perfeita entre Mario Ruoppolo e Massimo Troisi, registrando um dos mais belos filmes já feitos pelo cinema italiano."


Deixo aos amigos duas cenas marcantes, na primeira um divertido diálogo entre os dois:





Já nesta segunda,Neruda explica ao carteiro o que é uma metáfora:



Bom divertimento!


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