12 dezembro 2008

A lenda das castanhas

O ambiente do turfe é cheio de mitos e manias. Tem gente que não aposta no jóquei ganhador do páreo anterior. Ou no mesmo número. Outros não jogam um passe em fardas desta ou daquela cor. Há quem diga que não leva sorte com determinado piloto ou treinador, às vezes líderes da estatística. Uma legião se debruça nos tordilhos, quando chove. Ou só confia nessa pelagem em páreos noturnos.Enfim, crendices é que não faltam no mundo das rédeas.
Uma das histórias mais antigas nos hipódromos é a da “tacada de Natal”. É só ganhar em dezembro um cavalo de retrospecto sofrível, com pule mais alta, e lá vem ladainha. “Essa daí eles prepararam pra defender as castanhas”, garantem os sabichões
Resolvi conferir essa lenda, aproveitando os dados do Turfe Total, do nosso amigo Emilio. Será que a média de rateio aumenta muito em dezembro? . Vejam o que deu, nos últimos 5 anos, tomando por base a modalidade de vencedor:

ANO..............RMA............NC...............RMD..............NC.............%.............>5,00...........>10,00

2007.............5,62.............1491............5,59..............124.........-0,1...............37.................15

2006.............5,36.............1516............5,42..............118..........1,1...............40.................14

2005.............5,17.............1539............6,06..............127........17,2...............38.................15

2004.............5,92.............1494............7,27..............107........22,8...............36.................20

2003.............5,21.............1501............5,06..............124....... -2,9................31................15

5 ANOS..........5,46.............7541............5,85..............600........ 6,8..............182.................79

RMA: Rateio médio no ano
RMD: Rateio médio em dezembro
NC : Número de casos (páreos)
%: Variação de dezembro em relação ao ano
>5,00: Número de ganhadores com rateio igual ou superior a R$ 5,00
>10,00: Número de ganhadores com rateio igual ou superior a R$ 10,00

Conclusão:
A média de rateio manteve-se a mesma, em dezembro, nos últimos 2 anos. Nos anteriores, 2004 e 2005, aumentou um pouco no último mês do ano. Mas se algum turfista ou profissional de turfe tinha o hábito de comer castanhas (não conheço nenhum) daria para comprar no máximo umas 200 gramas a mais por quilo. Tomando o período de 5 anos, nem 100 gramas.
Nas duas últimas colunas está apontado o número de casos em que a pule foi maior ou igual a 5 x 1 e 10 x 1. Dá até impressão que os cavalinhos não gostam de (ou não acreditam em) Papai Noel

2 comentários:

  1. Aron

    No Pega Pelo Rabo fizemos uma coluna intitulada "cada louco com sua mania" e foi um sucesso.
    A minha é de não jogar, principalmente no Tarumã, animais com ferradura de ferro. Outra é não jogar um passe nos animais que largam depois da baliza 5 na areia, quando encharcada, no RJ.
    Riscava sorrindo o L Duarte quando entrava primeiro para fazer o Canter. E o J Garcia era pião de meu jogo quando ele assinava montaria no primeiro páreo de domingo (ele detestava).
    Isso dá um bom assunto no blog.

    Abraço

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  2. Mais um belo trabalho estatístico, Laércio. Essa do "preparou para arrumar o do Natal", a exemplo de muitas outras frases, ganhou veracidade na repetição contínua dos turfistas.Aquela velha história: uma mentira repetida a exaustão, aos poucos entra no inconsciente do cidadão, de forma que depois de algum tempo, até os mais atinados já aliciados pelo ambiente propício, a repetem com pasmosa tranquilidade.
    De positivo e por dedução, vejo que o número de cavalos por páreo vem aumentando ano a ano desde 2005, embora o número de páreos venha diminuindo. A média de animais por páreo nos últimos três anos é (como falei, cálculo feito por dedução, mas dúvido de alguma diferença significativa):
    2005- 7,39
    2006- 7,66
    2007- 8,03

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