13 dezembro 2008

O cavalo e os livros

M
eu cavalo era assim: grande em suas bondades e admirável em seu desamparo. Suponho que era um gênio. Não tive tempo de conhecê-lo a fundo. Poucos são os que, nascidos nos arredores sulamericanos, surgem para o domínio da fama e deslumbram a um público internacional. Imitadores de craques abundam e são tolerados com maior ou menor benevolência. Mas o genuíno campeão é inconfundível. Para ele, não há meio termo na admiração do público; ninguém tente turvar sua auréola. É único. O campeão verdadeiro, feito com a mesma substância da vitória, jamais decepciona seus partidários, que o seguem até a morte. É herói absoluto. Venha de onde vier, bruto entre os brutos, animal, entre os que mais usam as patas. Não importa. Se trata de um vencedor, ou, melhor dito, de alguém que se nega a aceitar a derrota e a transforma sempre em vitória.

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